“Quer o saibamos ou não, estamos
marcados pelo nosso passado individual e familiar e pelas nossas escolhas
profissionais, sendo as nossas opções teóricas provenientes daí, quer façamos
como os nossos antepassados quer de maneira oposta- fazer o contrário ou
opormo-nos é estarmos de igual modo marcados e dependentes, e não livres como
podemos sentir-nos depois de uma terapia ou de uma sessão de análise bem
sucedida ou de um acontecimento feliz da nossa vida.
Como diz tão bem René Char: “ Não
cantamos bem senão nos ramos da árvore genealógica.”
Gostaria de concluir este longo
capítulo com uma citação extraída do discurso de investidura de Nelson Mandela
em 1994: “ O nosso maior temor não é sermos inadequados e estúpidos. O nosso
maior temor é sermos poderosos além do possível. O que nos faz muito medo é a
nossa luz e a nossa sombra. Perguntamos: Quem sou eu para poder brilhante,
maravilhosos, belo, talentoso”. Mas, de facto, porque não haver Somos filhos de
Deus. fazermo-nos pequenos não ajuda o mundo. Não existe nada de bom no facto
de nos reduzir-mos para que os outros não se sintam diminuídos perante nós.
Nascemos para manifestarmos a glória de Deus que está em nós. Isso não foi
concedido apenas a alguns e, na medida em que deixamos a nossa luz brilhar,
damos, inconscientemente, aos outros autorização para fazerem o mesmo. E como
estamos libertos das nossas cadeias e dos nossos medos, a nossa presença torna
os outros livres.”
Anne Ancelin Scútzenberger;
Prazer de Viver, Pág. 124