Em dia de baptizado de uma linda menina fruto de uma relação fora dos padrões convencionais. Famílias de classe média alta e que, portanto, a diferenciação em relação aos padrões dominantes da sociedade portuguesa é aceite e até olhada com uma certa deferência, por um lado e medo do diferente pela generalidade.
O acesso ao dinheiro confere independência e possibilita uma falsa sensação de autonomia da mulher face ao homem e à sociedade patriarcal em geral. Pois geralmente esta autonomia está completamente e fortemente vinculada ao modelo capitalista e patriarcal.
O acesso ao dinheiro confere independência e possibilita uma falsa sensação de autonomia da mulher face ao homem e à sociedade patriarcal em geral. Pois geralmente esta autonomia está completamente e fortemente vinculada ao modelo capitalista e patriarcal.
As mulheres independentes economicamente tornam-se um alvo mais atractivo para o homem “agarrar” e mais facilmente “desagarrar”, elas sem disso terem consciência pensam que dominam a situação, mas na verdade frequentemente veem-se mais e mais sobrecarregadas com as responsabilidades e com as filhas e os filhos que esses homens lhes vão deixando, numa versão mais ou menos moderna, mais ou menos politicamente correta.
Bom, mas dias de festa, são dias de celebração e como habitual num baptizado ou em qualquer tipo de evento social independentemente da classe social que estejamos a falar, as mulheres formam um grupo na mesa e os homens, outro.
A conversa estabelece-se em torno das grandes e incontornáveis dificuldades em compatibilizar a circunstância de serem mães trabalhadoras e a vida familiar e pessoal.
As respostas institucionais não funcionam em função da optimização do equilíbrio entre estas variáveis e, portanto, a qualidade de vida destas mulheres é sistematicamente ignorada. As instituições da segurança social e do sector privado sem ainda terem consciencializado e interiorizado a necessidade de (re)pensar no bem estar das mulheres depois da sua entrada no mercado de trabalho, concebido à luz das características dos homens, não asseguram de forma articulada com as entidades empregadoras a qualidade de vida e a saúde destas mulheres e crianças que se vêm privadas umas das outras sem que ninguém grite bem alto, que as sociedades humanas precisam do amor e cuidados das mães para que no futuro sejam sociedades onde o amor seja uma realidade e não sejamos simplesmente robôs educados à luz de belas teorias da educação e de desenvolvimento psicológico onde raras vezes se encontra a menção à relação amorosa que a criança e a sua mãe estabelecem ainda útero desta. É importante e essencial para a harmonia das sociedades, que se mantenha nos primeiros anos de vida dos serem humanos esta dialética afetiva.
As instituições fazem uma gestão baseada nas leis elaboradas à luz do modelo patriarcal, onde as mulheres e os homens não foram ouvidos na sua elaboração. Fazem a aplicação das mesmas à volta da optimização dos escassos recursos financeiros, humanos e materiais, imposições e directrizes que respiram os ares do modelo de gestão capitalista patriarcal que ignora e faz tábua rasa do fato de o mercado de trabalho ter sido invadido por mulheres que querem ter os mesmos direitos que os homens num mundo dominado há séculos pelos mesmos e que se vêm completamente cilindradas pela acumulação brutal de actividades. Exigências que a sociedade moderna lhes impõe através das leis mas também e de forma ainda mais perigosa através de um modelo publicitário que o marketing operacionaliza de forma sistematizada e eficaz.
Voltando ao grupo de mulheres, as mais jovens estão a braços com a situação de não ter onde deixar as suas crianças de modo a irem trabalhar nos horários pré-estabelecidos e de acordo com as necessidades dos serviços. Por um motivo, ou por outro, todos eles de ordem operacional, lógicos e racionais, mas que assim sendo não se compreende não comtemplarem a necessidade de correspondência entre o horário de trabalho, o horário das instituições que acolhem crianças e outras necessidades que as sociedades obrigam e vendem, como, o lazer, o desporto, a cultura e os cuidados de beleza esperados e desejados a todas as mulheres!...como por exemplo, unhas arranjadas, cabelos arranjados, bem vestidas e senão maquilhadas visivelmente de rosto e corpo tratado, sob pena de não serem consideradas umas ”senhoras” no local de trabalho ou nas reuniões ou eventos sociais onde os seus maridos, companheiros, ex companheiros as acompanham ou de quem se fazem acompanhar, depende da postura que lhes for mais conveniente.
Bom, depois deste rol extenso de coisas ao cuidado, responsabilidade e gestão da mulher, chega-se ao culminar impactante, do pesado sentimento de culpa expresso por uma das mulheres. Encontra-se separada, com guarda conjunta de dois rapazinhos ainda pequenos, o mais velho de 7 anos, tendo a mesma verbalizado o sentimento de culpa em não conseguir manter o equilíbrio emocional na relação quotidiana com os filhos, tendo que recorrer, em vez do psicólogo ao psiquiatra, pois precisava com urgência de parar os gritos, com que mascarava a aflição de não conseguir ser uma boa mãe. As consultas de psicoterapia ficaram para traz, pois exigiam um tempo para si que não tem e o seu ordenado de técnica superior, não lhe permite auferir de tal luxo.
A heterogeneidade própria de cada uma das mulheres deste pequeno grupo representa de uma forma bastante clara a realidade das mulheres no mundo actual. Casada com filhos, separada com guarda conjunta, companheira sem filhos e família reconstruída com um filho e dois enteados. Todas nós conscientes dos problemas que esta sociedade nos coloca. A casada com três filhos vive mais tempo sozinha do que com o marido pois este está frequentemente ausente em trabalho fora do país.
O que nos uniu foi a consciência de que o sistema não está do nosso lado e de que estamos ou estivemos ou iremos estar à beira de um ataque de nervos quando tivermos que compatibilizar o trabalho com os filho(a)s e a necessidade absoluta em termos tempo para nós próprias e para o nosso equilíbrio.
É verdade que o quotidiano da generalidade das mulheres é uma desgraça!...dar, dar, dar e mais dar, e não se dão a si próprias!... é como se a sua existência se realizasse através da sua anulação. É como se não existissem!...é uma não existência!...pois não se lhe atribui valor existencial. O seu eu, não tem importância para si e, portanto, os outros não lha conferem!...quando acorda, se o chega a fazer é muitas vezes tarde demais e a ruptura com o passado é inevitável, não há como remendar um pano que não existe!...triste, mas real!...
AMFM
29/03/2022
Bom, mas dias de festa, são dias de celebração e como habitual num baptizado ou em qualquer tipo de evento social independentemente da classe social que estejamos a falar, as mulheres formam um grupo na mesa e os homens, outro.
A conversa estabelece-se em torno das grandes e incontornáveis dificuldades em compatibilizar a circunstância de serem mães trabalhadoras e a vida familiar e pessoal.
As respostas institucionais não funcionam em função da optimização do equilíbrio entre estas variáveis e, portanto, a qualidade de vida destas mulheres é sistematicamente ignorada. As instituições da segurança social e do sector privado sem ainda terem consciencializado e interiorizado a necessidade de (re)pensar no bem estar das mulheres depois da sua entrada no mercado de trabalho, concebido à luz das características dos homens, não asseguram de forma articulada com as entidades empregadoras a qualidade de vida e a saúde destas mulheres e crianças que se vêm privadas umas das outras sem que ninguém grite bem alto, que as sociedades humanas precisam do amor e cuidados das mães para que no futuro sejam sociedades onde o amor seja uma realidade e não sejamos simplesmente robôs educados à luz de belas teorias da educação e de desenvolvimento psicológico onde raras vezes se encontra a menção à relação amorosa que a criança e a sua mãe estabelecem ainda útero desta. É importante e essencial para a harmonia das sociedades, que se mantenha nos primeiros anos de vida dos serem humanos esta dialética afetiva.
As instituições fazem uma gestão baseada nas leis elaboradas à luz do modelo patriarcal, onde as mulheres e os homens não foram ouvidos na sua elaboração. Fazem a aplicação das mesmas à volta da optimização dos escassos recursos financeiros, humanos e materiais, imposições e directrizes que respiram os ares do modelo de gestão capitalista patriarcal que ignora e faz tábua rasa do fato de o mercado de trabalho ter sido invadido por mulheres que querem ter os mesmos direitos que os homens num mundo dominado há séculos pelos mesmos e que se vêm completamente cilindradas pela acumulação brutal de actividades. Exigências que a sociedade moderna lhes impõe através das leis mas também e de forma ainda mais perigosa através de um modelo publicitário que o marketing operacionaliza de forma sistematizada e eficaz.
Voltando ao grupo de mulheres, as mais jovens estão a braços com a situação de não ter onde deixar as suas crianças de modo a irem trabalhar nos horários pré-estabelecidos e de acordo com as necessidades dos serviços. Por um motivo, ou por outro, todos eles de ordem operacional, lógicos e racionais, mas que assim sendo não se compreende não comtemplarem a necessidade de correspondência entre o horário de trabalho, o horário das instituições que acolhem crianças e outras necessidades que as sociedades obrigam e vendem, como, o lazer, o desporto, a cultura e os cuidados de beleza esperados e desejados a todas as mulheres!...como por exemplo, unhas arranjadas, cabelos arranjados, bem vestidas e senão maquilhadas visivelmente de rosto e corpo tratado, sob pena de não serem consideradas umas ”senhoras” no local de trabalho ou nas reuniões ou eventos sociais onde os seus maridos, companheiros, ex companheiros as acompanham ou de quem se fazem acompanhar, depende da postura que lhes for mais conveniente.
Bom, depois deste rol extenso de coisas ao cuidado, responsabilidade e gestão da mulher, chega-se ao culminar impactante, do pesado sentimento de culpa expresso por uma das mulheres. Encontra-se separada, com guarda conjunta de dois rapazinhos ainda pequenos, o mais velho de 7 anos, tendo a mesma verbalizado o sentimento de culpa em não conseguir manter o equilíbrio emocional na relação quotidiana com os filhos, tendo que recorrer, em vez do psicólogo ao psiquiatra, pois precisava com urgência de parar os gritos, com que mascarava a aflição de não conseguir ser uma boa mãe. As consultas de psicoterapia ficaram para traz, pois exigiam um tempo para si que não tem e o seu ordenado de técnica superior, não lhe permite auferir de tal luxo.
A heterogeneidade própria de cada uma das mulheres deste pequeno grupo representa de uma forma bastante clara a realidade das mulheres no mundo actual. Casada com filhos, separada com guarda conjunta, companheira sem filhos e família reconstruída com um filho e dois enteados. Todas nós conscientes dos problemas que esta sociedade nos coloca. A casada com três filhos vive mais tempo sozinha do que com o marido pois este está frequentemente ausente em trabalho fora do país.
O que nos uniu foi a consciência de que o sistema não está do nosso lado e de que estamos ou estivemos ou iremos estar à beira de um ataque de nervos quando tivermos que compatibilizar o trabalho com os filho(a)s e a necessidade absoluta em termos tempo para nós próprias e para o nosso equilíbrio.
É verdade que o quotidiano da generalidade das mulheres é uma desgraça!...dar, dar, dar e mais dar, e não se dão a si próprias!... é como se a sua existência se realizasse através da sua anulação. É como se não existissem!...é uma não existência!...pois não se lhe atribui valor existencial. O seu eu, não tem importância para si e, portanto, os outros não lha conferem!...quando acorda, se o chega a fazer é muitas vezes tarde demais e a ruptura com o passado é inevitável, não há como remendar um pano que não existe!...triste, mas real!...
AMFM
29/03/2022