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domingo, 24 de dezembro de 2023

O Espírito de Natal

 O Espírito de Natal

Que celebração do espírito de natal é esta, que a história real ou romantizada, que está envolta no contrário que a anima?
No palco da hipocrisia religiosa, ou melhor, judaico-cristã, onde se deve sentir Paz e Amor, vê-se ódio e sangue de inocentes espalhados no palco real e virtual das nossas vidas. Toda esta época dita natalícia, é embrulhada no papel da vergonha por seres humanos, que na impossibilidade de se ultrapassarem na sua dimensão sombria e maléfica, reiteram à sombra de falsas premissas religiosas que manipulam desde sempre a humanidade conduzindo-a para formas de ser e de estar vergonhosamente violentas.
A ficção ultrapassa a realidade, como se pode realmente de forma consciente celebrar através de actos claramente alienados e mecanizados uma data religiosa, que simboliza a paz, o amor, a harmonia, a solidariedade, a vida, se neste mesmo momento, almas em corpos humanos choram a perca de entes queridos, mortos por uma guerra secular, entre povos crentes, que como todas as guerras só provocam sofrimento atroz e bárbaro que em nada dignificam o ser humano, que se pretende desenvolvido nas suas melhores dimensões, que inegavelmente as tem.
Está cada vez mais difícil para o comum dos mortais, compactuar com a hipocrisia dos líderes que promovem e compactuam de forma mais ou menos evidente com estes dramas humanos, que em nada dignificam ou celebram o amor, a justiça, o respeito, a aceitação, a flexibilidade, e o conforto de nos sentirmos acolhidos nesta terra, que é de todos e que os animais irracionais, territoriais, a querem só para eles!
Como gostaria de poder celebrar com toda a humanidade as dimensões criativas e respeitosamente dignas que uma grande parte de nós humanos temos e conseguimos manifestar no quotidiano das nossas ações e palavras. Essa grande dignidade que os seres humanos são capazes de expressar!...É com esta esperança, que nunca me abandona e caracteriza, que me visto nestes dias e em todos os outros que passaram e que estão para vir.
Lembremo-nos dos nossos irmãos e irmãs que por todo o mundo sofrem sem terem nada nem ninguém que lhes estenda um olhar, uma mão, um pão, um copo de água limpa.
Vamos celebrar de uma forma consciente e solidária esta época natalícia. Desejo a quem Lê este desabafo uns dias de saudável reflexão e partilha.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

A Fé e a Caça às Bruxas


Todas as religiões são lideradas por mestres homens e todas elas de forma mais ou menos explicita põem a mulher à margem da sua hierarquia.

Houve-se falar em beatas mas não em beatos, no mesmo sentido implícito neste contexto, o que me leva a crer que sem dúvida alguma, em qualquer religião, têm sido as mulheres as que na sombra e na invisibilidade, são o garante da religiosidade, quer nas práticas do quotidiano, na limpeza e decoração das igrejas, são elas que rezam o terço nas igrejas, que ensinam e divulgam através da catequese a doutrina, são elas que vemos a pagar promessas de joelhos nos santuários pelo mundo fora, assim como quase todas as práticas relacionadas com o “cuidar”, cuidar dos pobres, das crianças, dos doentes, quer sobretudo pela sua capacidade inata em vivenciar interna e externamente a sua fé. Assim se garante e perpetua no ceio da família e da sociedade em geral o modelo elaborado e imposto pelo poder dos homens na hierarquia religiosa.

Sabendo que é pertença dos homens o domínio filosófico e conceptual da relação da humanidade com a Fé, nas igrejas, nas mesquitas, nos locais de culto que operacionalizam a fundamentação, divulgação e perpetuação das diversas religiões, que têm evangelizado a humanidade, questiono-me sobre a espiritualidade e fé, a que de uma forma geral a humanidade tem tido acesso e em particular que sentido fazem estas religiões, concebidas e evangelizadas por homens, para as mulheres, que se tornaram as guardiãs e servis seguidoras das mesmas?

Na ausência de investigação que analise em separado a relação específica dos diferentes sexos com a espiritualidade, pelo menos que eu tenha tido acesso, sempre se registou uma abordagem generalista onde as mulheres aceitaram implicitamente, que quando se falava de homem, falava-se de mulher.

A sociedade normalizadora pela omissão fez com que a própria mulher integrasse esta situação sem a questionar, pois as consequências de o fazer poderiam ter graves consequências para as mesmas. Podendo mesmo chegar ao ponto de serem acusadas de bruxaria e ou desprezadas pelo meio onde se encontravam inseridas ou mesmo sendo queimadas vivas. Perpetuar este conformismo, foi mais uma forma de sobrevivência do que uma opção!...O servilismo da mulher ao poder religioso foi a única saída que proporcionou a integração social da mulher na comunidade onde se encontrava inserida por nascimento.

O senso comum mostra que apesar de serem os homens a dominar as cúpulas e a organização das várias religiões do planeta terra, são as mulheres que lhe conferem sentido e dimensão, pois são elas que se organizam de forma mais ou menos formal, mais ou menos visível em grupos, de catequese, de limpeza, de ornamentação dos espaços sagrados, entre outras manifestações mais viradas para a encenação, organização de procissões de teatro bíblico, etc. e assim têm sido o garante da perpetuação do quotidiano religioso proclamado pelos homens, lideres religiosos que as guiam quer no “Céu como na Terra”


A caça às bruxas, não foi mais do que a caça às mulheres que eventualmente pudessem colocar em causa ou mesmo beliscar o poder dos homens benditos.
https://draft.blogger.com/blog/post/edit/1849180516377773910/1127011663354262713
Ana Maria Ferreira Martins