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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Conversa sustentabilidade e pobreza menstrual

Sobre pobreza e sustentabilidade menstrual. Um tema que importa discutir e reflectir para tornar as sociedades mais justas e inclusivas. Onde o direito ao bem estar social, seja universal e democrático. Veja aqui!...

quarta-feira, 12 de abril de 2017

"As Sem Abrigo de Lisboa" | Inferno




Deixo-vos aqui a entrevista na integra. Foi ontem no canal Q, num programa chamado Inferno com Aurélio Gomes. Quem sabe tenham tempo e vontade para a ver e ouvir falar sobre Mulheres Sem Abrigo.

https://plus.google.com/100559155052713722132/posts/cdaaH3hWtTA

terça-feira, 28 de março de 2017

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Depoimento de uma mulher sem casa

Tenho 3 irmãs, todas filhas do mesmo pai, eu sou a do meio...a mais nova saiu...depois voltou...depois voltou a sair...mas nunca aceitou a minha mãe, ou seja o meu pai nunca aceitou dar-me o nome, dizia que eu não era filha dele. Depois a vida começou a andar muito para o torto e a minha mãe arranjou um companheiro, depois separou-se dele. Esse companheiro é que me deu o nome, ele não...os meus pais para todos os efeitos...se não fosse ele, por acaso também já faleceu, mas para todos os efeitos ele é o meu pai!...

O meu pai verdadeiro, não sei, se ele vive...não sei nada porque eu não o conheci...só que a minha mãe depois conheceu aquele senhor que me deu o nome. Faleceu e eu fui criada com outra pessoa. Não conheci outros pais a não ser mesmo o que me criou, que não é aquele que me deu o nome...porque como eu não era...

A minha mãe nunca foi feliz, juntou-se...até pelo menos aos 18,19 anos foi ele que me criou...não conheci outro pai a não ser mesmo o que me criou...que não é aquele que me deu o nome.


Ter pai ou não ter tido é a mesma coisa porque ele...como eu não era filha dele dizia para a minha mãe que não tinha nada que me dar nada porque não era meu pai, então a minha mãe nunca conseguiu ser feliz e esteve 15 anos…, ele já começou a ser muito idoso e começou a ter as birras deles como sempre e já não dava para viver com ele, a minha mãe era mal tratada, ela bebia muito...já por fim nós começamos a ter a nossa vida porque era-mos maiores de idade e ele não nos deixava sair para lado nenhum e a gente queria sair com o namorado e ele não deixava e a minha mãe teve mesmo que o pôr fora de casa. A casa era da minha mãe, casa da câmara era da minha mãe e automaticamente ele não tinha o nome na casa...aí as coisas...eu fiquei com a minha mãe, mas as coisas começaram a complicarem-se, a minha irmã tinha um marido que mandava muito, depois queria mandar na minha mãe e em mim e trabalhei no fórum...que era um centro que se trabalhava por conta do centro de emprego, mas era um emprego. Trabalhava todos os dias, todos os dias trabalhava e ao cabo juntava muitos salários activos, só que a minha mãe começou-me a ir buscar esse dinheiro, eles em vez de me darem esse dinheiro a mm davam à minha mãe...tinha uns 18, perto de 18 anos, comecei a trabalhar muito nova...e então resolvi sair de casa porque a minha mãe queria o dinheiro todo para ele e começou a tratar-me muito mal, batia-me, chamava-me nomes...nunca fui feliz...e depois era assim!...


Eu pretendia fazer a minha vida, pretendia casar, pretendia ter um rapaz do meu lado. eu queria namorar e ele não deixava, ele entendia que eu tinha que andar debaixo das saias dela e eu entendia que não...aí, eu conheci um rapaz...conheci um rapaz e depois foi meu marido (não são casados) e comecei a namorar com ele, na altura ele vivia na rua...é um rapaz que vivia nas arcadas do Martin Moniz...dormia na rua, só que depois a minha mãe começou a falar comigo...conheci-o também na rua...estava na rua...por volta dos 18 anos, comecei a ir à sopa dos pobres e conheci-o lá. Falei com ele e convidei-o para ir à festa que havia e ele aceitou, foi comigo...só que depois começou a falar que na rua, não tinha onde dormir, onde comer...e nessa altura eu já estava prestes a ir para casa da minha mãe e a minha mãe aceitou-me, queria que eu fosse lá para casa...depois, falei com a minha mãe e aceitou que ele fosse também, só que depois aí começaram os problemas…a minha irmã andava a dar em cima do meu marido, aí eu comecei a ver...eu trabalhava, trabalhei sempre, sempre, sempre. Quando o meu marido me conheceu, estava a trabalhar no...e a dormir na rua (1 ano) dormia dentro do aeroporto de Lisboa. Tenho lá testemunhas...tomava duche dentro do aeroporto com água fria...nas casas de banho para ir para o trabalho e depois comecei...quando conheci o meu marido...na casa da minha mãe, eu ia trabalhar e ela (irmã) queria que o meu marido ficasse em casa, aí comecei a topar...aí eu fui, lutei, lutei, sempre a lutar para que o meu marido viesse para o pé de mim em Lisboa. Sai de casa da minha mãe e o meu marido veio comigo e começamos novamente a viver dentro do aeroporto em Lisboa, vivíamos dentro de um carro velho dentro do aeroporto...depois acabou o meu contracto na....aquilo fechou e eu fui trabalhar para um hotel...levantar-me do carro no aeroporto. Comecei a trabalhar nesse hotel, só que esse hotel, as portas eram abertas por um problema de eu não saber ler nem escrever...Com cartão, eu queria abrir as portas e não conseguia...então eles mandaram-me embora...aí, comecei a lutar, sempre a lutar junto com o meu marido sempre, a gente estávamos sempre unidos, sempre naquela força, a lutar a lutar...com as assistentes sociais. 

https://www.chiadoeditora.com/livraria?top20

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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Porque As Pessoas Sem Abrigo Existem

Todos os seres humanos tem direitos e deveres. Encarar o fenómeno dos sem abrigo como "coitados dos pobrezinhos" não ajuda ninguém a sair do ciclo reprodutivo da pobreza, "Filho(a) de sem abrigo será sem abrigo". A visão paternalista, de cima para baixo de lidar com as questões da pobreza não resolve a eliminação da mesma. A igualdade de oportunidades para todo(a)s exige o exercício pleno de uma democracia participativa. Quem detém alguma responsabilidade sobre estas questões da pobreza deverá encará-la como uma questão humanista e não  de carácter paternalista. Todos os seres humanos independentemente da sua condição sócio-económica têm direito à felicidade, ao amor, à ternura, ao bem estar de um lar. Não se trata de os abrigos darem comida e uma cama, trata-se de se criarem estruturas que possam conferir ao ser humano que se encontra na situação de sem abrigo o acesso à felicidade, ao amor e ao exercício pleno da cidadania de acordo com as suas reais capacidades. Não podemos exigir a um ser humano que já nasceu nas piores condições sócio-económicas, sem acesso à saúde, à educação, à cultura, ao desporto, ao trabalho e a um lar o mesmo que exigimos a quem sempre teve isto tudo à nascença. Cada ser humano é único, e todos(as) merecemos que nos tratem com a dignidade que as constituições e os direitos humanos nos conferem.

Antes de serem sem abrigo são pessoas. Parabéns às instituições pelo esforço que ao longo dos anos tem realizado em apoiar estas causas sociais. Às vezes a criatividade e o espírito de sacrifício substitui uma percentagem dos financiamentos. Bem ajam a todo(a)s que dedicam a sua vida profissional e pessoal a dignificar seres humanos.
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