A vida plena de significados sem consciência
Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída
verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e
lágrimas se alimenta?
A dualidade dos opostos une-se numa inexistência
inexprimível!...
Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em
direcção à consciência da vida,
torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio
incessante de dúvidas e mais dúvidas,
que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma
ausência, de uma ausência de consciência.
A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de
uma existência terrena que bem sentida,
sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo
que somos neste contexto terreno.
Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei,
quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.
Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no
deserto…
Ana Maria Ferreira Martins