
O caminho a percorrer está na união interna entre duas dimensões aparentemente contraditórias, a santa e a cabra, a senhora e a prostituta, como muitas vezes refere Rosa Leonor Pedro.
Há mulheres que escrevem como se vestem, para corresponder ao modelo que os homens projectaram para ela. Enquanto as mulheres não alcançarem a consciência da guerra que a humanidade trava, têm poucas possibilidades de sair da matriz de controlo do patriarcado.
Não há situação mais difícil de lidar para uma mulher plena do que a consciência de que a maioria das mulheres, mesmo e sobretudo as que se julgam independentes e livres do poder masculino, são completa e estupidamente dominadas pelo modelo masculino.
Nada melhor do que ter por um lado, à disposição, mulheres auto-suficientes, que se vestem, escrevem, trabalham, movimentam-se, vivem de uma forma ou de outra, para agradar aos homens, por outro lado assistir-mos à versão da mulher que optou pela igualdade e que portanto, veste-se, anda, fala, escreve e vive, como um homem.
Aperfeiçoou e muitas vezes ultrapassou na perfeição a forma pretensamente lógica e racional que os homens fazem apanágio e portanto erradicou da sua vida tudo o que é manifestação de emoções e intuições. Castrou de forma mais ou menos consciente a sua essência feminina, preço que paga para ser igual em direitos e oportunidades aos homens.
A maternidade é um acidente na vida destas mulheres. Não é um privilégio ou algo com um toque divino nas suas vidas terrenas. Elas abdicam de todo o seu natural poder feminino para aceder ao poder dos homens.
O poder do dinheiro, das coisas, da razão. Essas mulheres são o resultado mais aperfeiçoado do projecto masculino para a humanidade. Úteros sem magia, sem amor. Úteros máquinas, que engravidam no intervalo para o almoço e criam os filhos aos fins de semana entre as idas ao supermercado e os filmes para adultos na TV. Enfim a maternidade, o poder da criação foi-lhes extorquido em troco de uma traiçoeira e falsa igualdade de oportunidades. Algumas e a maior parte sem consciência, sentem-se orgulhosas pelas suas carreiras profissionais de sucesso quase sempre atingidas à custa de grandes sacrifícios pessoais e de lutas desiguais entre os seus pares homens.
Ser mulher plena num mundo feito por homens para homens é o maior desafio que a dimensão feminina do universo tem que enfrentar!...é a guerra entre o dominante masculino e o dominado feminino. É nesta dualidade interna que vivem todas as mulheres umas com maior ou menor consciência e outras sem consciência.
AMFM
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