quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Escrever Com o Coração




Gostava de saber escrever com o coração, com as emoções, com a alma, com o espírito. Quando leio algumas coisas aqui e ali, sinto que há pessoas, que estão alinhadas com uma linguagem que vem de dentro, de um sitio que eu não consigo manifestar…, mas quando leio certos textos facilmente identifico partes que me são intrínsecas mas que não me são permitidas exprimir, talvez porque não as sinta, estejam-me vedadas por anos e anos de exercício obrigatório de me expressar numa linguagem cientifica lógico-racional e assim fui perdendo a candura da minha escrita de adolescente consciente do que me esperava no mundo dos homens e mulheres fechados e fechadas em escritórios, gabinetes, empresas e serviços vários. 

Sim, muito cedo eu tive consciência de que a sociedade era um lamaçal onde as pessoas faziam glu, glu, glu, para conseguir respirar um pouco de ar puro, e que eu por essa altura já teria uma pézinho lá dentro e nem dava por isso!...
Medo e consciência de adolescente que adivinhava a mulher em que acabei por me tornar, uma serva do senhor, numa sociedade comandada por seres racionais e lógicos, onde tudo o resto é ridicularizado e desvalorizado como sendo de menos importância, como a minha capacidade ainda adormecida de me sentir, de me emocionar, de me respeitar acima de um modelo lógico-racional que me foi imposto pelo modelo de trabalho pré-existente. 
Mas eu comecei este texto com a intenção de falar da minha pouca apetência para traduzir em palavras a intensidade do meu sentir, da dor que se esconde e do sorriso que se divulga pelas redes sociais. A sociedade do sucesso onde metade do nosso ser não tem espaço para existir!...A dor, a raiva, o sofrimento, a doença, a gorda ou o gordo, a desdentada ou desdentado, o ou a pobre!...enfim, há uma linha intransponível entre o cintilante e o negrume da vida!... 



Quem não conhece aquele tipo de pessoa mais ligada ao lado negativo da vida, entra e sai queixando-se e hoje pergunto se essas pessoas não se estarão a respeitar no seu sentir, pois limitam-se a ser, com ou sem consciência!…, não há esforço, não há trabalho em negar essa sua natural tendência para o queixume!...agarradas ao negro negam a dimensão amorosa da vida, não se transmutam!... 
O mesmo é válido para quem permanentemente se esforça, será que há alguém que não se esforce por parecer sempre feliz? Será que essa natural tendência que vemos para queixume é assim tão igualmente natural, para a permanente boa disposição? 
Para finalizar este zigaziante e livre texto, deixo-vos aqui esta questão, que me parece pertinente mas que não foi intencional…, as palavras conduziram-me aqui… 
O que eu queria mesmo era conseguir romper com a mente e escrever-vos com o sentir do meu coração… 

AMFM
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