![]() |
”Anna Rocheta artAdicionar legenda |
A Mulher na Sociedade Contemporânea
Numa abordagem generalista e pluri diversificada, fica-nos a sensação de que estamos no limiar de uma mudança de comportamento que, devido à sua juventude na vida das sociedades ocidentais, apresenta-se-nos ainda com contornos pouco consistentes e definidos.
Por um lado, existe quase a inevitabilidade de a mulher, de acordo com as orientações jurídicas e com os princípios básicos da democracia participativa, ascender a níveis nunca vistos na organização e gestão dos mais variados campos do saber e intervenção humanos, por outro lado, existe um sentimento de fragilidade e impotência no que se refere à concretização dos ideais feministas e democráticos que estão subjacentes ao movimento de aceitação das diferenças entre homens e mulheres onde não haja espaço para discriminação.
Verifica-se um esforço colectivo, ainda que por vezes pareça mais do foro do inconsciente do que do consciente, em que a mulher participe em áreas dominantemente ocupadas por homens no mundo do trabalho. Porém esse esforço parece-me muitas vezes ignorado e desresponsabilizado, quer por parte das entidades governamentais quer no conjunto pelos elementos da família e da sociedade em geral.
A falta de auto consciência do papel social que a mulher na realidade possui, com a sua força de trabalho na família e no mundo do trabalho, leva a que este esforço e esta luta por parte das mulheres em criarem um espaço seu, fora do domínio privado, invadindo um mundo que por vezes não o sentem como seu, (por variadíssimas limitações do foro cultural, psicológico e político) represente mais, um esforço de “Deusa” do que o de uma mulher de carne e osso.
Se é verdade que a mulher dominantemente tende, e tem por objectivo, a sua independência e autonomia através do trabalho, também é verdade que desejos de ter filhos ou uma família, passa em grande parte por saber que irá ter um maior número de responsabilidades que nem sempre são partilhadas de forma equitativa no seio da família. Tendo ela, de uma forma geral, que optar por investir menos em algumas das áreas que vê como prioritárias para a sua realização como pessoa, de forma a gerir a vida dentro e fora de casa.
Geralmente esta decisão pende para um a “meio gás” na vida profissional. Evita saídas para longe de casa, de modo a não deixar os filhos sem o seu apoio, evita empregos e rotinas empresariais que a conduzam a trabalhos fora do horário “normal” de trabalho e assim, algures no tempo vai adiando, por vezes para sempre, a possibilidade de vir a ocupar um cargo de chefia. Enquanto isto se passa com as mulheres, com os homens estas questões não se põem e, quando existem, não são vividas com o mesmo grau de intensidade aquando do processo de decisão.
O homem tem como direito adquirido o trabalho e a progressão na carreira. Este continua a ser o modelo dominante. Embora em conjunto com as suas companheiras de trabalho, trabalhem de igual para igual, as cabeças dos homens estão e salvaguardando as excepções, focadas e direccionadas para esforços e motivações com diferente grau de intensidade no que diz respeito ao mundo do trabalho comparativamente às mulheres, que se encontram mais divididas.
"Nunca se exigiu tanto da mulher como nos dias de hoje. Logo cedo, ainda pela manhã, já se tem que estar bem, se preparar para ser vista, admirada, julgada, às vezes preterida, cobiçada, amada entre outras tantas coisas. A própria mulher do seu tempo, não se aceita sem tentar obter o que é melhor para ela, e nesta lista de prioridades, sua família sempre ocupa lugar de destaque. Tem uma noção clara do que é bom e do que é duradouro. Recentes pesquisas demonstram que apesar de realizada com os seus vários papéis na sociedade, a nova mulher está insatisfeita ou até mesmo infeliz."
Teresa Joaquim refere recentemente numa revista que o ideal “é integrar na vida os dois modelos dominantes de masculinidade e feminilidade. Temos de fazer carreira mas também queremos ser mães. E as mulheres não podem continuar a viver num crescente sentimento de culpa. As crianças, por outro lado, também já se constituem como verdadeiro grupo de pressão: exigem a presença das mães mas não lhes ocorre solicitar a presença dos pais. As mulheres são ainda vítimas de uma imensa falta de ética. Por um lado, há o discurso da função social da maternidade, mas por outro, a sociedade não quer assumir o acolhimento do novo ser e deixa essa tarefa exclusivamente às mulheres.”
AMFM
2015
Sem comentários:
Enviar um comentário