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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Conversa sustentabilidade e pobreza menstrual

Sobre pobreza e sustentabilidade menstrual. Um tema que importa discutir e reflectir para tornar as sociedades mais justas e inclusivas. Onde o direito ao bem estar social, seja universal e democrático. Veja aqui!...

domingo, 13 de dezembro de 2020

A Dor Da Criação


A dor da criação
Vestem-se de cinzento e branco, às vezes preto, não têm a maternidade como prioridade nas suas vidas, o sonho é o sucesso profissional de acordo com a definição de sucesso que o mundo dos homens estabeleceu para eles e que elas aceitaram como igualitário e portanto desejável.
Os filhos só surgem depois de materializadas algumas das muitas condições económicas instituídas pela sociedade capitalista para que a mulher disponibilize o seu corpo e mente para a maternidade.

O mundo do trabalho idealizado pelos e para os homens não encaixa na natureza feminina.
A partir do momento em que a mulher entrou em competição com o homem num mundo que lhe era estranho, a maternidade, por ser um atributo ausente do mundo masculino, passou a ser relegada pelas sociedades capitalistas para uma invisibilidade no espaço e no tempo. É vista como algo que já que tem que ser, seja!..., mas que seja rápida e não traga muitos transtornos ao normal funcionamento do mundo do trabalho idealizado por e para os homens.
Ana Ferreira Martins
Trecho do livro "Mulher Plena Num Mundo De Homens"

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Biografia -Ana Ferreira Martins

Ana Ferreira Martins

Apaixonada e nascida por terras algarvias é em Almada e Lisboa que se sente em casa.

Ser mãe foi determinante na forma como sentiu a vida. O olhar interessado pelos fenómenos das pessoas sem abrigo e das questões da igualdade de género são inequivocamente o seu foco de vida.

Assistente Social de formação, exerce funções como Directora Nacional da Ação Social Da AMI, desde 2000. Mestre em Estudos Sobre As Mulheres, inter-relacionou o fenómeno das pessoas sem abrigo com as questões de género surgindo a sua tese de mestrado: As Sem Abrigo De Lisboa, premiada com o prémio Madalena Barbosa da Comissão da Igualdade de Género.

Publica a nível nacional e europeu, artigos relacionados com a pobreza em geral e em particular sobre as pessoas sem abrigo e com as questões da igualdade de género. 

Comentadora em vários meios de comunicação social. Professora Universitária no Instituto Piaget. Formadora acreditada na área comportamental, pobreza, serviço social e género. Supervisora em Serviço Social. 

Autora dos livros:

As Mulheres Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa - Editado pela Chiado Editora
A Vivência da Pobreza - Editado pela Fundação AMI.

Autora dos blogues:
Feminina a Resgatar e a Integrar - Mis-ce-lâ-nea
Aconselhamento em Serviço Social - Social Counseling in Social Work Services

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Carta de amor?

Uma carta de amor que escrevi a pedido da Chiado Editora

"Cara Maria,

Ficamos bastante agradecidos pelo envio do seu trabalho para constar no Volume II da Colectânea de Cartas de Amor, da Chiado Books." Depois de o analisarmos, informamos que o mesmo foi seleccionado."

Carta de Amor?




Se possibilidade houvesse nesta vida terrena de sentires a intensidade do amor que nutro por ti!...

Se soubesses das noites que não durmo tentando perscrutar no infinito da escuridão a tua mão, o teu aconchego, o teu colo!....

Se tu soubesses a saudade que habita este meu corpo desaurido do teu amor pleno de ti e de mim!...

Como te fazer chegar esta carta se tu não reconheces a simbologia de uma linguagem escrita? como te chegar meu amor?!

Diz-me por sinais desconhecidos a forma de te fazer sentir esta carta!...envia-me luzinhas, estrelinhas, pode até ser smiles através de uma qualquer rede social, mas dá-me um sinal que este amor imenso que me transcende desconhecendo a forma de o segurar ou limitar a este quadrado que conheço tão bem!...

Ajuda-me, querida, ajuda-me a fundir-me em ti, esquecendo-me de quem sou. Só te quero sentir, ou me sentir em ti.

Desejo-te como a mim própria, quero-te noite e dia, preciso de ti, sem ti não há vida, não há amor, não há EU.

Diz-me como te hei-de fazer chegar esta mensagem...por carta? por telefone? por internet? por pensamento?

Aguardo resposta e não te esqueças que sem te sentir, meu amor, a minha vida não tem existência!
Amo-te Muito!...
2019-1-18

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Como Partilhar Saberes?



Como Partilhar saberes?

Tudo está bem, quando não é posto em causa!...

O saber é também ele uma ratoeira, pois coloca-nos numa situação de suposta superioridade sobre as outras pessoas!...


A verdadeira humildade advém do facto de percebermos onde acaba o nosso orgulho no que somos e no que sabemos e começa a pura liberdade de sem preconceitos nem sentimentos controversos e duais de superioridade partilharmos naturalmente esse saber, sem que internamente nos sintamos postos em causa por outras pessoas que de forma propositada ou não, tentam também elas defender com unhas e dentes as suas convicções!...

Só esta consciência do processo interno de gestão de conflitos interiores nos pode colocar numa atitude verdadeira de cooperação e partilha seja ela em que dimensões do saber seja!...

Não basta ler a teoria ou mesmo compreendê-la e dela ter consciência. É preciso integrá-la e interiorizá-la.

A experiência e o saber dela decorrente coloca-nos numa posição constrangedora em relação a quem começa de novo. Sobretudo se usarmos esse saber e essa experiência como arma de arremesso sobre as outras pessoas. A verdadeira sabedoria consiste na humildade de reconhecer o nosso e o da outra pessoa processo de conhecimento e adaptarmo-nos à optimização da relação pretendida.

Penso que é nesta conexão que reside o processo da comunicação inter-geracional e inter-disciplinar.

É na inter-relação que estabelecemos com as pessoas que nos revelamos como seres humanos em variadas dimensões. Sim, o conhecimento e a partilha deste, tem que ser encarado de forma multidiversificada e multidisciplinar, sem essa sabedoria não há verdadeira partilha.

Como fazê-lo? Só mesmo olhando para dentro de nós e identificar as nossas próprias resistências e lugares adquiridos como inquestionáveis!...Não é fácil, nem sei se na prática isto é possível.

Temos um Ego que não nos permite despir da nossa “persona” idealizada e projectada!...façamos um caminho consciente desta dificuldade e poderemos melhorar a nossa inter-relação com as pessoas. 

 Ana Ferreira Martins

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Igualdade Género



A falar sobre o fenómeno da igualdade de género no programa da Sociedade Civil

Abordaram-se questões relacionadas, com o modelo de trabalho, a maternidade, a ascensão na carreira profissional e desmontou-se a imagem da mulher vista meramente como um objecto estético. 

Foi um debate interessante e enriquecedor que conseguiu criar um espaço de reflexão sobre uma questão ainda difícil de analisar e consciencializar.



Falou-se igualmente de mulheres sem abrigo e da forma como as mulheres na pobreza a vivênciam. 



Saiba mais através do link
sociedade civil - RTP2

terça-feira, 6 de junho de 2017

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa - Feira Do Livro De Lisboa 2017 - Chiado Editora













As mulheres estão sujeitas a uma maior vulnerabilidade económica por estarem dependentes do modelo familiar patriarcal, onde o homem é o chefe de família. Assim, a precariedade do emprego, os baixos salários e a fraca protecção social a que estão sujeitas podem conduzir à situação extrema de pobreza, a de ser sem abrigo. 



Fui para casa da irmã do meu marido e aí começou a história toda, ela é que dizia coisas e eu é que levava tareia, estava grávida da minha Rita, entretanto ela nasceu e aquilo continuou, não me batia tanto, mas estava sempre a berrar ”
(Paula 2, solteira, 25 anos, 2 filhas)














Ser mulher ou homem sem abrigo tem uma carga psicológica diferente para quem vivencia a situação, para quem a observa de fora ou ainda para os técnicos que trabalham directamente com o fenómeno social. 




Embora, como já foi referido, o fenómeno dos sem abrigo seja, ou tenha sido, até aos nossos dias, predominantemente masculino e a proporção de mulheres nas últimas décadas tenha vindo a aumentar, as percentagens não ultrapassam ainda os 10% e 25% em relação aos homens (Marshall, cit. in Bhegre, 1996).



Uma possível justificação para que os números de mulheres sem abrigo não sejam mais elevados pode estar relacionada com a invisibilidade da situação. Culturalmente a rua é pertença do homem, não se passando o mesmo com a mulher. 



“As mulheres escondem-se mais que os homens, elas têm a necessidade de se esconderem.” (M.J 1, 29 anos, união facto, uma filha).




As mulheres sem abrigo poderão estar mais escondidas, pois têm mais tendência do que os homens para ficarem em casa de amigos ou de familiares, e para visarem a última morada como endereço de conveniência (Fernandez, cit. in Bhugra, 1996). A mulher tende a procurar situações de completa invisibilidade, pois o espaço público é visto como pertença do homem e o privado da mulher. Quando a mulher se vê na situação limite de ter que viver na rua, ou qualquer outro local público, provavelmente sofrerá graus de adaptabilidade inferiores ao do homem. Este sentimento de perca e de desajustamento ao meio ambiente leva-a, com certeza, a esconder-se em casas abandonadas, barracas e outros locais longe dos olhares de quem passa."
Excerto do livro, as Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa

https://plus.google.com/109688844056116994029/posts/5RPgPrP6czu





87ª Feira Do Livro de Lisboa - As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa



17
JUNHO


16h00

Sessão de Autógrafos | No Pavilhão | Chiado Editora

Sessão de Autógrafos do livro "As Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa" com a presença da Autora Ana Ferreira Martins


http://feiradolivrodelisboa.pt/
https://www.chiadoeditora.com/livraria/as-sem-abrigo-de-lisboa-mulheres-que-sonham-com-uma-casa

https://plus.google.com/100559155052713722132/posts/EzCWS1cCAc3

quarta-feira, 12 de abril de 2017

"As Sem Abrigo de Lisboa" | Inferno




Deixo-vos aqui a entrevista na integra. Foi ontem no canal Q, num programa chamado Inferno com Aurélio Gomes. Quem sabe tenham tempo e vontade para a ver e ouvir falar sobre Mulheres Sem Abrigo.

https://plus.google.com/100559155052713722132/posts/cdaaH3hWtTA

O modo como vivemos a vida será uma opção ou uma inevitabilidade?

Sim eu sei que sou uma idealista e que algumas pessoas que conheço encaram o facto como negativo, curiosamente essas pessoas defendem que não há mal nem bem, positivo ou negativo e o que existe é somente a realidade, realidade essa que não sabem descrever e muito menos entender, mas é assim a realidade está para além do bem e do mal e eu concordo!!...
Bom, não me resta outra coisa perante as evidências da minha vida senão assumir-me como uma tola sonhadora e idealista que dificilmente aceita a realidade em que que se viu envolvida por nascimento!...
Não aceitando essa realidade, que a maioria entende como sendo um inferno na terra, tenho vivido em permanente luta, fora e dentro de mim. Esta dualidade inerente à condição humana, provoca dispersão, desfocalização e portanto falta de foco na luta! Basicamente o que parece acontecer, é que disparo para todos os lados, gastando as balas que preciso para destruir o inimigo primordial…, que é?!... não sei bem!...

Na minha idealização psicosocial a realidade não encaixa. A luta é uma constante de uma vida, pois a cultura em geral e a patriarcal em especial é qualquer coisa que tenta destruir e corroer tudo o que seja essencial e ideal no ser humano, remetendo-o para um modelo puramente funcional, com um romance à medida, que passa sempre por um casamento, uma família feliz, uma casa e um carro de sonho, tudo isto embrulhado em papel celofane dourado ou amarelado para dar o efeito de brilho!...
Pois é!..., não lido bem com a realidade e luto por construir um mundo ideal e portanto inexistente!...Não me acomodo, estrebucho, luto e lutando deixo esta vida!... Será uma opção ou uma inevitabilidade?

Ser consciente do mundo em que vivemos e de quem somos ajuda, mas parece não chegar!... chegar para quê? Não sei!..., deixei de me importar com o foco e com o alvo. Limito-me a caminhar e a usufruir do saber que os episódios menos bons e bons me vão proporcionando!...
Sempre senti que o propósito quando existente e consciente não precisa de ser mentalizado, ele inter-relaciona-se com energias internas e externas que se sobrepõem a qualquer mentalização ou mesmo consciência. O nosso propósito, missão, a existir, precisa de uma oportunidade para se expressar e tendo-a, agarra-a e o universo conspirará para o realizar.

Deixar fluir-nos é essencial para a concretização desse ideal de justiça, de harmonia, de saber, que algumas pessoas buscam.

Elevar consciências através de palestras, leituras, meditações, consciência quântica, não basta para atingir o saber, a harmonia, o bem estar psicosocial e espiritual. É preciso agir!... Sem ação tudo não passa de mera demagogia sem consequências na vida da maioria das pessoas que precisam de todo o tipo de apoio e ajuda.

O modo como vivemos a vida será uma opção ou uma inevitabilidade?
AMFM
12-4-2017

terça-feira, 28 de março de 2017

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Depoimento de uma mulher sem casa

Tenho 3 irmãs, todas filhas do mesmo pai, eu sou a do meio...a mais nova saiu...depois voltou...depois voltou a sair...mas nunca aceitou a minha mãe, ou seja o meu pai nunca aceitou dar-me o nome, dizia que eu não era filha dele. Depois a vida começou a andar muito para o torto e a minha mãe arranjou um companheiro, depois separou-se dele. Esse companheiro é que me deu o nome, ele não...os meus pais para todos os efeitos...se não fosse ele, por acaso também já faleceu, mas para todos os efeitos ele é o meu pai!...

O meu pai verdadeiro, não sei, se ele vive...não sei nada porque eu não o conheci...só que a minha mãe depois conheceu aquele senhor que me deu o nome. Faleceu e eu fui criada com outra pessoa. Não conheci outros pais a não ser mesmo o que me criou, que não é aquele que me deu o nome...porque como eu não era...

A minha mãe nunca foi feliz, juntou-se...até pelo menos aos 18,19 anos foi ele que me criou...não conheci outro pai a não ser mesmo o que me criou...que não é aquele que me deu o nome.


Ter pai ou não ter tido é a mesma coisa porque ele...como eu não era filha dele dizia para a minha mãe que não tinha nada que me dar nada porque não era meu pai, então a minha mãe nunca conseguiu ser feliz e esteve 15 anos…, ele já começou a ser muito idoso e começou a ter as birras deles como sempre e já não dava para viver com ele, a minha mãe era mal tratada, ela bebia muito...já por fim nós começamos a ter a nossa vida porque era-mos maiores de idade e ele não nos deixava sair para lado nenhum e a gente queria sair com o namorado e ele não deixava e a minha mãe teve mesmo que o pôr fora de casa. A casa era da minha mãe, casa da câmara era da minha mãe e automaticamente ele não tinha o nome na casa...aí as coisas...eu fiquei com a minha mãe, mas as coisas começaram a complicarem-se, a minha irmã tinha um marido que mandava muito, depois queria mandar na minha mãe e em mim e trabalhei no fórum...que era um centro que se trabalhava por conta do centro de emprego, mas era um emprego. Trabalhava todos os dias, todos os dias trabalhava e ao cabo juntava muitos salários activos, só que a minha mãe começou-me a ir buscar esse dinheiro, eles em vez de me darem esse dinheiro a mm davam à minha mãe...tinha uns 18, perto de 18 anos, comecei a trabalhar muito nova...e então resolvi sair de casa porque a minha mãe queria o dinheiro todo para ele e começou a tratar-me muito mal, batia-me, chamava-me nomes...nunca fui feliz...e depois era assim!...


Eu pretendia fazer a minha vida, pretendia casar, pretendia ter um rapaz do meu lado. eu queria namorar e ele não deixava, ele entendia que eu tinha que andar debaixo das saias dela e eu entendia que não...aí, eu conheci um rapaz...conheci um rapaz e depois foi meu marido (não são casados) e comecei a namorar com ele, na altura ele vivia na rua...é um rapaz que vivia nas arcadas do Martin Moniz...dormia na rua, só que depois a minha mãe começou a falar comigo...conheci-o também na rua...estava na rua...por volta dos 18 anos, comecei a ir à sopa dos pobres e conheci-o lá. Falei com ele e convidei-o para ir à festa que havia e ele aceitou, foi comigo...só que depois começou a falar que na rua, não tinha onde dormir, onde comer...e nessa altura eu já estava prestes a ir para casa da minha mãe e a minha mãe aceitou-me, queria que eu fosse lá para casa...depois, falei com a minha mãe e aceitou que ele fosse também, só que depois aí começaram os problemas…a minha irmã andava a dar em cima do meu marido, aí eu comecei a ver...eu trabalhava, trabalhei sempre, sempre, sempre. Quando o meu marido me conheceu, estava a trabalhar no...e a dormir na rua (1 ano) dormia dentro do aeroporto de Lisboa. Tenho lá testemunhas...tomava duche dentro do aeroporto com água fria...nas casas de banho para ir para o trabalho e depois comecei...quando conheci o meu marido...na casa da minha mãe, eu ia trabalhar e ela (irmã) queria que o meu marido ficasse em casa, aí comecei a topar...aí eu fui, lutei, lutei, sempre a lutar para que o meu marido viesse para o pé de mim em Lisboa. Sai de casa da minha mãe e o meu marido veio comigo e começamos novamente a viver dentro do aeroporto em Lisboa, vivíamos dentro de um carro velho dentro do aeroporto...depois acabou o meu contracto na....aquilo fechou e eu fui trabalhar para um hotel...levantar-me do carro no aeroporto. Comecei a trabalhar nesse hotel, só que esse hotel, as portas eram abertas por um problema de eu não saber ler nem escrever...Com cartão, eu queria abrir as portas e não conseguia...então eles mandaram-me embora...aí, comecei a lutar, sempre a lutar junto com o meu marido sempre, a gente estávamos sempre unidos, sempre naquela força, a lutar a lutar...com as assistentes sociais. 

https://www.chiadoeditora.com/livraria?top20

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quinta-feira, 2 de março de 2017

Muitas vezes imaginamos como é ser uma pessoa sem abrigo. Para a grande maioria de nós esse dia nunca vai chegar, mas as suas histórias mostram bem que o limiar entre estar e ser sem abrigo é muito ténue. Se alguma vez esteve sem abrigo percebeu esse limiar e certamente recuou perante o olhar triste e conformado dos seres humanos que pela fatalidade de uma vida cheia de profundas percas se veem nessa dramática vivência.
As mulheres que por natureza são mais intensas nos sentires, sofrem duplamente com esta dura realidade. Às mulheres sem abrigo foi-lhes retirada a possibilidade de realizar o sonho para o qual a sociedade as acultura desde crianças, deixaram para trás o sonho de um lar, de uma família reunida num espaço acolhedor, limpo, confortável e seguro, onde se possam encontrar com a saúde, com a felicidade e o amor com que todos os seres humanos sonham e acreditam.

Biografia

Apaixonada e nascida por terras algarvias é em Almada e Lisboa que se sente em casa.Ser mãe foi determinante na forma como sentiu a vida. O olhar interessado pelos fenómenos das pessoas sem abrigo e das questões da igualdade de género  são inequivocamente o seu foco de vida. Assistente Social de formação, exerce funções como Directora Nacional da Ação Social Da AMI, desde 2000. Mestre em Estudos Sobre As Mulheres, inter-relacionou o fenómeno das pessoas sem abrigo com as questões de género surgindo a sua tese de mestrado: As Sem Abrigo De Lisboa, premiada com o prémio Madalena Barbosa da Comissão da Igualdade de Género.Publica a nível nacional e europeu, artigos relacionados com as pessoas sem abrigo e com as questões da igualdade de género. É comentadora em vários meios de comunicação social.Professora Universitária no Instituto Piaget. Formadora acreditada na área comportamental, pobreza, serviço social, investigação e género. Autora do blogue, Mis-ce-lâ-nea, janela que abriu de dentro para fora de si
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Escrever Com o Coração




Gostava de saber escrever com o coração, com as emoções, com a alma, com o espírito. Quando leio algumas coisas aqui e ali, sinto que há pessoas, que estão alinhadas com uma linguagem que vem de dentro, de um sitio que eu não consigo manifestar…, mas quando leio certos textos facilmente identifico partes que me são intrínsecas mas que não me são permitidas exprimir, talvez porque não as sinta, estejam-me vedadas por anos e anos de exercício obrigatório de me expressar numa linguagem cientifica lógico-racional e assim fui perdendo a candura da minha escrita de adolescente consciente do que me esperava no mundo dos homens e mulheres fechados e fechadas em escritórios, gabinetes, empresas e serviços vários. 

Sim, muito cedo eu tive consciência de que a sociedade era um lamaçal onde as pessoas faziam glu, glu, glu, para conseguir respirar um pouco de ar puro, e que eu por essa altura já teria uma pézinho lá dentro e nem dava por isso!...
Medo e consciência de adolescente que adivinhava a mulher em que acabei por me tornar, uma serva do senhor, numa sociedade comandada por seres racionais e lógicos, onde tudo o resto é ridicularizado e desvalorizado como sendo de menos importância, como a minha capacidade ainda adormecida de me sentir, de me emocionar, de me respeitar acima de um modelo lógico-racional que me foi imposto pelo modelo de trabalho pré-existente. 
Mas eu comecei este texto com a intenção de falar da minha pouca apetência para traduzir em palavras a intensidade do meu sentir, da dor que se esconde e do sorriso que se divulga pelas redes sociais. A sociedade do sucesso onde metade do nosso ser não tem espaço para existir!...A dor, a raiva, o sofrimento, a doença, a gorda ou o gordo, a desdentada ou desdentado, o ou a pobre!...enfim, há uma linha intransponível entre o cintilante e o negrume da vida!... 



Quem não conhece aquele tipo de pessoa mais ligada ao lado negativo da vida, entra e sai queixando-se e hoje pergunto se essas pessoas não se estarão a respeitar no seu sentir, pois limitam-se a ser, com ou sem consciência!…, não há esforço, não há trabalho em negar essa sua natural tendência para o queixume!...agarradas ao negro negam a dimensão amorosa da vida, não se transmutam!... 
O mesmo é válido para quem permanentemente se esforça, será que há alguém que não se esforce por parecer sempre feliz? Será que essa natural tendência que vemos para queixume é assim tão igualmente natural, para a permanente boa disposição? 
Para finalizar este zigaziante e livre texto, deixo-vos aqui esta questão, que me parece pertinente mas que não foi intencional…, as palavras conduziram-me aqui… 
O que eu queria mesmo era conseguir romper com a mente e escrever-vos com o sentir do meu coração… 

AMFM
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terça-feira, 12 de abril de 2016

AS SEM ABRIGO DE LISBOA

AS SEM ABRIGO DE LISBOA:

Ana Maria Ferreira Martins AS SEM ABRIGO DE LISBOA Estudo realizado na AMI em Lisboa (centros sociais de Olaias e Chelas) Dissertação para a obtenção de grau de Mestre em Estudos Sobre as Mulheres Orientadora:

INTRODUÇÃO GERAL O trabalho de investigação As sem abrigo de Lisboa, realizado na AMI em Lisboa, é fruto de uma curiosidade e de uma necessidade de saber, diagnosticada por vários investigadores e técnicos da área social. Este estudo vem na sequência da experiência profissional da autora que dirige o departamento Acção Social da Fundação Assistência Médica Internacional, desde o seu início, há cerca de 12 anos. Quaisquer dos passos realizados foram observados e acompanhados não somente no tempo em que decorre o estudo empírico, como antes e depois do mesmo. Todos os momentos que suportam esta dissertação, foram acompanhados e coordenados directamente pela autora deste trabalho. Trata-se de uma investigação em estudos sobre as mulheres. O lar, a casa, um tecto, são palavras que ecoam no universo sociocultural e psicológico da mulher. Tradicionalmente o espaço privado pertence às mulheres e o público aos homens, como bem ilustra o ditado popular: O homem na praça, a mulher na casa. As mulheres cuidam dos outros dentro de casa. Quando este espaço falta, por muito desadequado que ele seja, é determinante na vida de uma mulher. É destas mulheres que o estudo vai falar, das que perderam ou nunca tiveram um lar. O problema das mulheres sem abrigo não tem sido suficientemente estudado em Portugal e necessita de maior visibilidade (Costa, 2000). Algumas das causas de ser sem abrigo são comuns a ambos os sexos, embora apareçam causas especificas relacionadas com o sexo feminino. (Baptista, et al., 1999). O objectivo teórico-conceptual desta dissertação consiste numa abordagem que relaciona o género nos sem abrigo com o objectivo geral e pretende compreender as causas e efeitos sociais que conduzem à 1