A Mulher e a Linguagem
Humanidade ou ser humano poderá incluir a mulher. Quando se fala de Homem, não me sinto incluída, talvez porque na realidade a grande maioria das vezes nem implícitas as mulheres estão.
Portugueses não são portuguesas, trabalhadores não são trabalhadoras, todos não são todas, Homem não é mulher, aluno não é aluna, menina não é menino, gato não é gata, urso não é ursa, amo, não é ama, secretária não é secretário de estado, gestor não é gestora, dá trabalho integrar o feminino na escrita e na linguagem?
A mim dá-me a sensação de inexistência e exclusão, não me reconhecer na inclusão do masculino!...
Enfim, para alguma coisa se fala em linguagem inclusiva, onde o ele e o ela, se revejam na comunicação de uma forma individualizada e com as características especificas e diferenciadoras de cada sexo.
A mulher permite, consente e compactua com comportamentos machistas fomentados pelo patriarcado, sem na maioria das vezes ter consciência de que o faz.
A brutal e secular aculturação da mulher pelo homem, tem impossibilitado à mulher um olhar transparente e abrangente que permita vislumbrar para além da manta negra que faz a divisão de si mesma e da sua essência feminina.
A mudança está em curso, e mulher após mulher, vai despertando e sentindo a necessidade absoluta e inequívoca de compreender e tocar a verdadeira e poderosa mulher, que embora adormecida e silenciada pela repressão patriarcal, que habita dentro das suas células e memórias atemporais.
A Mulher que se expressa com uma linguagem própria e inclusiva, é a que se liberta de forma consciente do poder patriarcal.
Mulheres, é tempo de repensarem a comunicação e a linguagem, pois ela reflecte comportamentos, pensamentos e acções.
O reconhecimento do feminino na linguagem não é uma questão de somenos importância, é o reconhecimento de que metade da humanidade existe, não só na escrita e na linguagem, mas sobretudo nas mentes e pensamento da humanidade.
Ana Ferreira Martins