segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Barca do Inferno


Em situações limites o povo é quem mais ordena, mas não é quem usufrui das crises e das guerras!... Os poderosos ao longo da história tem sempre sabido gerir o poder (pontual) do povo e revertê-lo a seu favor, garantindo de uma forma ou de outra o seu domínio sobre o mesmo! Só grandes idealistas e revolucionários têm conseguido alterar um pouco o rumo da história do poder político e económico sobre a humanidade. Não sinto ninguém por aí com essa capacidade! Carisma, ideal, determinação pela luta por um mundo mais justo e equilibrado, não vejo ninguém predisposto a lutar até ao fim por um ideal. Não ouço vozes/atitudes dissonantes suficientemente firmes e determinadas para que se possa proceder a uma transformação de comportamentos e de atitudes na sociedade Portuguesa no sentido do desenvolvimento social.
A luta contra o desânimo, a insatisfação e no fundo contra a frustração de quem toda a vida lutou por um Portugal mais sustentável e que de forma estupidamente inesperada vê o seu país parado num marasmo quase absoluto. A imagem do enforcado da barca do inferno de Gil Vicente vem-me muitas vezes à ideia, pois a corda ao pescoço representa a sua total impossibilidade de entrar na barca do Anjo que atravessa o rio em direcção ao paraíso…, Portugal está com uma corda ao pescoço e não há dúvida que o seu lugar não vai ser na barca que o conduz ao paraíso…

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As Prisões

As prisões são horríveis, sobretudo quando não têm grades nem muros.
A escuridão invade os muros fingidos e às apalpadelas tentamos encontrar algo onde nos agarrar-mos.
O mar é tenebroso e nós seres malditos abençoamos a calma que teima em se fazer esperar.
Esperança vã, a calma!... mas continuamos a esperá-la na ilusão assumida.
Os cabelos da desilusão espraiam-se no mar como as ondas, se espraiam pela areia da praia e nós perdemo-nos.
Vem dia!...vem aclarar os nossos medonhos pensamentos, vem dia humano vem depressa.
O navio quer naufragar, o vento é cada vez mais forte. Oh!...que mar de náufragos!...
Viver esta vida, alimentar esta lama, sujarmo-nos deste lodo. Heis a nossa triste sina!...
Dormir sem nunca acordar, heis a morte duradoura, heis o repouso finalmente desejado.
A.M.F.M.
8-10-1983