segunda-feira, 19 de dezembro de 2016



“Para uma árvore continuar a crescer e florescer, é preciso que haja células diferenciadas que promovam a transiçao…trata-se de células fortes que se reunem para proteção em torno do lugar em cada galho onde a madeira mais velha e resistente está em contacto coma parte vulnerável que cresce, o lugar onde o broto tenro se encontra logo abaixo da pele nova e, com o devido cuidado, há-de vicejar.”
Clarissa Pinkola Estés. A Ciranda Das Mulheres Sábias

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Prolegómeno Para Um Estudo da Deusa Mãe Frígia



Os esforços para compreender o culto da Deusa Mãe Cíbele não são novos. Uma deidade com uma vida tão longa, com uma vasta difusão e com um carácter tão abrangente já atraiu, não surpreendentemente, uma grande atenção. Contudo, apesar de raramente articulados de forma aberta, os modernos valores culturais, que enquadram muitas anteriores discussões eruditas sobre esta deusa e o seu culto, influenciaram consideravelmente a interpretação do material antigo. É este o caso, até certo ponto, com qualquer análise da Antiguidade mediterrânica, mas parece ser particularmente evidente no caso da Deusa Mãe Anatoliana. A impressionante imagem criada por Eurípides, Catulo,e Virgílio da Mãe poderosa, frequentemente na companhia de machos assexuados, evocou reacções energicamente exprimidas que vão do horror à chamada natureza repulsiva da deusa, até à celebração sem sentido crítico da sua proeminência supostamente ancestral. para além disso, a percepção moderna da natureza das divindades maternais influenciou grandemente a imagem da Deusa mãe no antigo mundo mediterrânico, visto que tais percepções são quase sempre baseadas na imagem judaico-cristã da mãe amorosa e protectora, subserviente ao marido e intimamente ligada aos filhos. Deste modo, muitas análise da Deusa Mãe apoiam-se nas modernas projecções daquilo que a deusa-mãe deveria ser não nos vestígios antigos que definem aquilo que era.

Tais atitude preconcebidas são especialmente visíveis em duas grandes áreas. A primeira é o sexo, especificamente o efeito do sexo feminino da deusa na avaliação do respectivo culto. A segunda pode ser denominada como consciência racial, nomeadamente, as origens asiáticas do culto da deusa e a tensão preconcebida entre as duas bases orientais e o estatuto  do seu culto na Grécia e em Roma, um ponto que se confronta com questões de classes sociais também. As modernas atitudes culturais em relação a assuntos relativos a sexos e raças ficaram frequentemente tão enredadas na literatura erudita que impedem os esforços para avaliar as principais provas da existência da antiga deidade e colocá-la no contexto específico da antiga sociedade mediterrânica. Desta forma, parece útil - na verdade -, imperativo - analisar prévias abordagens a este tópico e examinar minuciosamente as asserções subjacentes que lhes deram forma.
Em Busca Da Deusa-Mãe, Lynn E. Roller.pág.27 e 28
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Escrever Com o Coração




Gostava de saber escrever com o coração, com as emoções, com a alma, com o espírito. Quando leio algumas coisas aqui e ali, sinto que há pessoas, que estão alinhadas com uma linguagem que vem de dentro, de um sitio que eu não consigo manifestar…, mas quando leio certos textos facilmente identifico partes que me são intrínsecas mas que não me são permitidas exprimir, talvez porque não as sinta, estejam-me vedadas por anos e anos de exercício obrigatório de me expressar numa linguagem cientifica lógico-racional e assim fui perdendo a candura da minha escrita de adolescente consciente do que me esperava no mundo dos homens e mulheres fechados e fechadas em escritórios, gabinetes, empresas e serviços vários. 

Sim, muito cedo eu tive consciência de que a sociedade era um lamaçal onde as pessoas faziam glu, glu, glu, para conseguir respirar um pouco de ar puro, e que eu por essa altura já teria uma pézinho lá dentro e nem dava por isso!...
Medo e consciência de adolescente que adivinhava a mulher em que acabei por me tornar, uma serva do senhor, numa sociedade comandada por seres racionais e lógicos, onde tudo o resto é ridicularizado e desvalorizado como sendo de menos importância, como a minha capacidade ainda adormecida de me sentir, de me emocionar, de me respeitar acima de um modelo lógico-racional que me foi imposto pelo modelo de trabalho pré-existente. 
Mas eu comecei este texto com a intenção de falar da minha pouca apetência para traduzir em palavras a intensidade do meu sentir, da dor que se esconde e do sorriso que se divulga pelas redes sociais. A sociedade do sucesso onde metade do nosso ser não tem espaço para existir!...A dor, a raiva, o sofrimento, a doença, a gorda ou o gordo, a desdentada ou desdentado, o ou a pobre!...enfim, há uma linha intransponível entre o cintilante e o negrume da vida!... 



Quem não conhece aquele tipo de pessoa mais ligada ao lado negativo da vida, entra e sai queixando-se e hoje pergunto se essas pessoas não se estarão a respeitar no seu sentir, pois limitam-se a ser, com ou sem consciência!…, não há esforço, não há trabalho em negar essa sua natural tendência para o queixume!...agarradas ao negro negam a dimensão amorosa da vida, não se transmutam!... 
O mesmo é válido para quem permanentemente se esforça, será que há alguém que não se esforce por parecer sempre feliz? Será que essa natural tendência que vemos para queixume é assim tão igualmente natural, para a permanente boa disposição? 
Para finalizar este zigaziante e livre texto, deixo-vos aqui esta questão, que me parece pertinente mas que não foi intencional…, as palavras conduziram-me aqui… 
O que eu queria mesmo era conseguir romper com a mente e escrever-vos com o sentir do meu coração… 

AMFM
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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica














Portugal foi, o primeiro país da União Europeia a ratificar, em 5 de fevereiro de 2013, a convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica (Convenção de Istambul).

Esta Convenção assenta no reconhecimento de que «a violência contra as mulheres é uma manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens que levou à dominação e discriminação das mulheres pelos homens, privando assim as mulheres do seu pleno progresso». Afirma ainda que «a natureza estrutural da violência contra as mulheres é baseada no género, e que a violência contra as mulheres é um dos mecanismos sociais cruciais através dos quais as mulheres são mantidas numa posição de subordinação em relação aos homens».

A Convenção alerta para o facto de «mulheres e raparigas» estarem «muitas vezes expostas a formas graves de violência, tais como a violência doméstica, o assédio sexual, a violação, o casamento forçado, os chamados “crimes de honra” e a mutilação genital, que constituem uma violação grave dos direitos humanos das mulheres e raparigas e um obstáculo grande à realização da igualdade entre as mulheres e os homens». Denuncia também «as violações constantes dos direitos humanos durante os conflitos armados que afetam a população civil, especialmente as mulheres, sob a forma de violações e violência sexual generalizadas ou sistemáticas, e o potencial para o aumento da violência baseada no género, tanto durante como após os conflitos».