ALGARVE
“Minha terra embalada pelas ondas,
lindo país de moiras encantadas,
onde o mar tece lendas e onde as fadas em castelos de lua dançam rondas...”
OS ÁRABES
Chama-se Algarve, porque os Árabes ali estiveram e lhe deram o nome, mas fizeram mais que lhe dar o nome, esses visitantes do Norte de África. Fizeram do Algarve o seu lugar preferido. Diziam coisas lindas, tais como: “é um país abundante em frutos e produção de todo o género, com muitas cidades e vilas”. “As suas casas, continuamente caiadas de branco, por dentro e por fora, dá gosto vê-las ao lado das árvores verdes... parecem pérolas desirmanadas engastadas em leito de esmeraldas”. “nunca vi país que se lhe possa comparar em beleza, fertilidade, abundância de água”...o “paraíso terreal”.
A montanha, que o define. isola-o e permite que tenha características próprias – na terra e nas gentes o Algarve é diferente do resto de Portugal. Os soberanos portugueses souberam compreender e respeitar esta diferença, intitulando-se sempre Reis de Portugal e dos Algarves. São 5072 quilómetros quadrados de um reino diferente.
Tem um clima próprio, com características mediterrâneas, verões quentes mas invernos suaves, poucas chuvas, mas bons níveis de humidade no ar.
Ferragudo está tão perto do rio que se diria que a maré cheia vai entrar nas casas mais baixas.
Vista de longe ferragudo é uma pirâmide de que a Igreja é o vértice. As casas sobem a colina desde o rio até ao adro, donde se admira mais um panorama magnífico. As casas são simples, por vezes com belas chaminés.
Até ao século XVI, Ferragudo quase não existiu – era uma espécie de colónia de pescadores que aqui moravam no Verão e se dedicavam ao amanho da terra durante o Inverno. Depois, foram ficando, ficando. Fizeram a igreja. Construíram casas e mais casas.

FERRAGUDO – A MINHA TERRA
Não podiam ter escolhido melhor local para ter nascido. Nasci virada para o mar com o rio Arade a entrar por baixo da casa..., ainda hoje se chama a casa do Salva – Vidas.
Casa branca de longo corredor que termina numa sala mágica virada para o mar e para a Praia da Rocha, o escritório do meu avô. Aos 4 anos já pegava nos seus potentes binóculo para tentar ver as sardinhas que os barcos de pesca traziam com as gaivotas na sua perseguição em direcção ao Porto de Portimão.
Que mágicos finais de tarde de verão, me lembro de passar, sentada no “pitoril” género de terraço algarvio, que antecede a entrada das habitações, com a minha avó e o meu avô a ver passar as traineiras indo para a pesca. Magia que desapareceu com o tempo e com a política europeia para as pescas. As muitas fábricas de sardinha que existiam em Ferragudo, fecharam e pescadores com seus barcos são poucos e quase não se vêem por aquelas bandas as.
12-2001