É verdade que o quotidiano da generalidade das mulheres é uma desgraça!...dar, dar, dar e mais dar e não se dão a si próprias é como se a sua existência se realizasse através da sua anulação. É como se não existissem!...é uma não existência!...pois não se lhe atribui valor existencial, o seu eu não tem importância para si e portanto os outros e ou outras, não lha conferem!...quando acorda, se o chega a fazer é muitas vezes tarde demais e a rutura com o passado é inevitável, não há como remendar um pano que não existe!...triste mas real!...
Trata-se de um blog que dominantemente debruça-se sobre as questões de género e da necessidade de preservar o feminino das sociedades e das relações humanas
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

“Para uma árvore continuar a crescer e florescer, é preciso que haja células diferenciadas que promovam a transiçao…trata-se de células fortes que se reunem para proteção em torno do lugar em cada galho onde a madeira mais velha e resistente está em contacto coma parte vulnerável que cresce, o lugar onde o broto tenro se encontra logo abaixo da pele nova e, com o devido cuidado, há-de vicejar.”
Clarissa Pinkola Estés. A Ciranda Das Mulheres Sábias
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Prolegómeno Para Um Estudo da Deusa Mãe Frígia

Os esforços para compreender o culto da Deusa Mãe Cíbele não são novos. Uma deidade com uma vida tão longa, com uma vasta difusão e com um carácter tão abrangente já atraiu, não surpreendentemente, uma grande atenção. Contudo, apesar de raramente articulados de forma aberta, os modernos valores culturais, que enquadram muitas anteriores discussões eruditas sobre esta deusa e o seu culto, influenciaram consideravelmente a interpretação do material antigo. É este o caso, até certo ponto, com qualquer análise da Antiguidade mediterrânica, mas parece ser particularmente evidente no caso da Deusa Mãe Anatoliana. A impressionante imagem criada por Eurípides, Catulo,e Virgílio da Mãe poderosa, frequentemente na companhia de machos assexuados, evocou reacções energicamente exprimidas que vão do horror à chamada natureza repulsiva da deusa, até à celebração sem sentido crítico da sua proeminência supostamente ancestral. para além disso, a percepção moderna da natureza das divindades maternais influenciou grandemente a imagem da Deusa mãe no antigo mundo mediterrânico, visto que tais percepções são quase sempre baseadas na imagem judaico-cristã da mãe amorosa e protectora, subserviente ao marido e intimamente ligada aos filhos. Deste modo, muitas análise da Deusa Mãe apoiam-se nas modernas projecções daquilo que a deusa-mãe deveria ser não nos vestígios antigos que definem aquilo que era.
Tais atitude preconcebidas são especialmente visíveis em duas grandes áreas. A primeira é o sexo, especificamente o efeito do sexo feminino da deusa na avaliação do respectivo culto. A segunda pode ser denominada como consciência racial, nomeadamente, as origens asiáticas do culto da deusa e a tensão preconcebida entre as duas bases orientais e o estatuto do seu culto na Grécia e em Roma, um ponto que se confronta com questões de classes sociais também. As modernas atitudes culturais em relação a assuntos relativos a sexos e raças ficaram frequentemente tão enredadas na literatura erudita que impedem os esforços para avaliar as principais provas da existência da antiga deidade e colocá-la no contexto específico da antiga sociedade mediterrânica. Desta forma, parece útil - na verdade -, imperativo - analisar prévias abordagens a este tópico e examinar minuciosamente as asserções subjacentes que lhes deram forma.
Em Busca Da Deusa-Mãe, Lynn E. Roller.pág.27 e 28
https://plus.google.com/100559155052713722132/posts/69B8h5so82c
Em Busca Da Deusa-Mãe, Lynn E. Roller.pág.27 e 28
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Escrever Com o Coração

Gostava de saber escrever com o coração, com as emoções, com a alma, com o espírito. Quando leio algumas coisas aqui e ali, sinto que há pessoas, que estão alinhadas com uma linguagem que vem de dentro, de um sitio que eu não consigo manifestar…, mas quando leio certos textos facilmente identifico partes que me são intrínsecas mas que não me são permitidas exprimir, talvez porque não as sinta, estejam-me vedadas por anos e anos de exercício obrigatório de me expressar numa linguagem cientifica lógico-racional e assim fui perdendo a candura da minha escrita de adolescente consciente do que me esperava no mundo dos homens e mulheres fechados e fechadas em escritórios, gabinetes, empresas e serviços vários.
Sim, muito cedo eu tive consciência de que a sociedade era um lamaçal onde as pessoas faziam glu, glu, glu, para conseguir respirar um pouco de ar puro, e que eu por essa altura já teria uma pézinho lá dentro e nem dava por isso!...
Medo e consciência de adolescente que adivinhava a mulher em que acabei por me tornar, uma serva do senhor, numa sociedade comandada por seres racionais e lógicos, onde tudo o resto é ridicularizado e desvalorizado como sendo de menos importância, como a minha capacidade ainda adormecida de me sentir, de me emocionar, de me respeitar acima de um modelo lógico-racional que me foi imposto pelo modelo de trabalho pré-existente.
Mas eu comecei este texto com a intenção de falar da minha pouca apetência para traduzir em palavras a intensidade do meu sentir, da dor que se esconde e do sorriso que se divulga pelas redes sociais. A sociedade do sucesso onde metade do nosso ser não tem espaço para existir!...A dor, a raiva, o sofrimento, a doença, a gorda ou o gordo, a desdentada ou desdentado, o ou a pobre!...enfim, há uma linha intransponível entre o cintilante e o negrume da vida!...

Quem não conhece aquele tipo de pessoa mais ligada ao lado negativo da vida, entra e sai queixando-se e hoje pergunto se essas pessoas não se estarão a respeitar no seu sentir, pois limitam-se a ser, com ou sem consciência!…, não há esforço, não há trabalho em negar essa sua natural tendência para o queixume!...agarradas ao negro negam a dimensão amorosa da vida, não se transmutam!...
O mesmo é válido para quem permanentemente se esforça, será que há alguém que não se esforce por parecer sempre feliz? Será que essa natural tendência que vemos para queixume é assim tão igualmente natural, para a permanente boa disposição?
Para finalizar este zigaziante e livre texto, deixo-vos aqui esta questão, que me parece pertinente mas que não foi intencional…, as palavras conduziram-me aqui…
O que eu queria mesmo era conseguir romper com a mente e escrever-vos com o sentir do meu coração…
AMFM
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