domingo, 9 de abril de 2017

As Sem Abrigo Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa - Chiado Editora

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa

Tenha acesso ao video e fotos que documentam o lançamento do livro, As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa de Ana Ferreira Martins.

Investigação com base em histórias de vida reais de muheres que viveram a situação de serem sem abrigo.

Faça o seu pedido aqui:

 https://www.chiadoeditora.com/livraria/as-sem-abrigo-de-lisboa-mulheres-que-sonham-com-uma-casa

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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Mulher Degelo







Mulher Degelo


Há muito que não coloco nada no papel, mas se como dizem, as ideias que elaboramos na mente têm alguma força, tenho produzido muito texto no mundo inacessível das ideias fora do papel…


Sim, quero escrever sobre a mulher, sobre esta mulher que cada vez conheço melhor e à medida que vou conhecendo mais, compreendo que a ponta visível do Icebergue é uma simples projeção sem existência ontológica e que com um pouco de calor derrete sem deixar rasto…enfim, triste analogia do que é ser mulher, mas na verdade o que o mundo tem feito à mulher não lhe deixa muito de si onde se agarrar!...

Dá-me vontade de rir, talvez por desespero, o fato de ter chegado à conclusão que à medida que caminho no aprofundamento da procura de algo que sinta como sendo realmente, genuinamente e essencialmente feminino na mulher, encontro a ponta de um Iceberg em vias de evaporação etérea.

Onde estais mulheres reais, essenciais, aquelas que eram donas dos seus úteros, do seu verbo? Continuo a rir-me…, não as encontro!... Pontas de Icebergs em vias de evaporação no poderoso céu do patriarcado.


Este riso é o riso nervoso de quem sabe que o calor está aí e que vai derreter o que resta da mulher ontológica, da mulher antes da Eva, a que era plena e que não permitia que a dividissem, entre santa e puta, a que não permitia que as regras do jogo a subjugassem perante um masculino usurpador do espaço feminino da humanidade.

Essa mulher completa, aniquilada dos livros de história, da interpretação sócio- antropológica, subjugada aos deuses homens de toda a mitologia primeiro Grega, depois Romana e por aí fora... Sim, é esta mulher que busco, a que destruíram, a que queimaram física, mental e espiritualmente da história da humanidade, o que quer que seja que humanidade signifique
.
A.M.F.M.

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Muitas pessoas têm perguntado onde podem adquirir o livro:

As Sem Abrigo De Lisboa foi apresentado às livrarias do comércio tradicional e aos grandes grupos comerciais (Fnac, Sonae, ECI, Bertrand, Sonae, Almedina, Auchan, Bulhosa, entre outros) que farão encomenda da obra se assim entenderem. No caso da não-encomenda a obra estará sempre disponível em qualquer balcão através de encomenda. 





Lançamento Das Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa

Está já disponível no website da Chiado Editora, onde pode ser enviado para qualquer leitor, de qualquer parte do mundo.

O link é o seguinte: 
As Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa. 

https://www.chiadoeditora.com/livraria/as-sem-abrigo-de-lisboa-mulheres-que-sonham-com-uma-casa
























terça-feira, 28 de março de 2017

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Depoimento de uma mulher sem casa

Tenho 3 irmãs, todas filhas do mesmo pai, eu sou a do meio...a mais nova saiu...depois voltou...depois voltou a sair...mas nunca aceitou a minha mãe, ou seja o meu pai nunca aceitou dar-me o nome, dizia que eu não era filha dele. Depois a vida começou a andar muito para o torto e a minha mãe arranjou um companheiro, depois separou-se dele. Esse companheiro é que me deu o nome, ele não...os meus pais para todos os efeitos...se não fosse ele, por acaso também já faleceu, mas para todos os efeitos ele é o meu pai!...

O meu pai verdadeiro, não sei, se ele vive...não sei nada porque eu não o conheci...só que a minha mãe depois conheceu aquele senhor que me deu o nome. Faleceu e eu fui criada com outra pessoa. Não conheci outros pais a não ser mesmo o que me criou, que não é aquele que me deu o nome...porque como eu não era...

A minha mãe nunca foi feliz, juntou-se...até pelo menos aos 18,19 anos foi ele que me criou...não conheci outro pai a não ser mesmo o que me criou...que não é aquele que me deu o nome.


Ter pai ou não ter tido é a mesma coisa porque ele...como eu não era filha dele dizia para a minha mãe que não tinha nada que me dar nada porque não era meu pai, então a minha mãe nunca conseguiu ser feliz e esteve 15 anos…, ele já começou a ser muito idoso e começou a ter as birras deles como sempre e já não dava para viver com ele, a minha mãe era mal tratada, ela bebia muito...já por fim nós começamos a ter a nossa vida porque era-mos maiores de idade e ele não nos deixava sair para lado nenhum e a gente queria sair com o namorado e ele não deixava e a minha mãe teve mesmo que o pôr fora de casa. A casa era da minha mãe, casa da câmara era da minha mãe e automaticamente ele não tinha o nome na casa...aí as coisas...eu fiquei com a minha mãe, mas as coisas começaram a complicarem-se, a minha irmã tinha um marido que mandava muito, depois queria mandar na minha mãe e em mim e trabalhei no fórum...que era um centro que se trabalhava por conta do centro de emprego, mas era um emprego. Trabalhava todos os dias, todos os dias trabalhava e ao cabo juntava muitos salários activos, só que a minha mãe começou-me a ir buscar esse dinheiro, eles em vez de me darem esse dinheiro a mm davam à minha mãe...tinha uns 18, perto de 18 anos, comecei a trabalhar muito nova...e então resolvi sair de casa porque a minha mãe queria o dinheiro todo para ele e começou a tratar-me muito mal, batia-me, chamava-me nomes...nunca fui feliz...e depois era assim!...


Eu pretendia fazer a minha vida, pretendia casar, pretendia ter um rapaz do meu lado. eu queria namorar e ele não deixava, ele entendia que eu tinha que andar debaixo das saias dela e eu entendia que não...aí, eu conheci um rapaz...conheci um rapaz e depois foi meu marido (não são casados) e comecei a namorar com ele, na altura ele vivia na rua...é um rapaz que vivia nas arcadas do Martin Moniz...dormia na rua, só que depois a minha mãe começou a falar comigo...conheci-o também na rua...estava na rua...por volta dos 18 anos, comecei a ir à sopa dos pobres e conheci-o lá. Falei com ele e convidei-o para ir à festa que havia e ele aceitou, foi comigo...só que depois começou a falar que na rua, não tinha onde dormir, onde comer...e nessa altura eu já estava prestes a ir para casa da minha mãe e a minha mãe aceitou-me, queria que eu fosse lá para casa...depois, falei com a minha mãe e aceitou que ele fosse também, só que depois aí começaram os problemas…a minha irmã andava a dar em cima do meu marido, aí eu comecei a ver...eu trabalhava, trabalhei sempre, sempre, sempre. Quando o meu marido me conheceu, estava a trabalhar no...e a dormir na rua (1 ano) dormia dentro do aeroporto de Lisboa. Tenho lá testemunhas...tomava duche dentro do aeroporto com água fria...nas casas de banho para ir para o trabalho e depois comecei...quando conheci o meu marido...na casa da minha mãe, eu ia trabalhar e ela (irmã) queria que o meu marido ficasse em casa, aí comecei a topar...aí eu fui, lutei, lutei, sempre a lutar para que o meu marido viesse para o pé de mim em Lisboa. Sai de casa da minha mãe e o meu marido veio comigo e começamos novamente a viver dentro do aeroporto em Lisboa, vivíamos dentro de um carro velho dentro do aeroporto...depois acabou o meu contracto na....aquilo fechou e eu fui trabalhar para um hotel...levantar-me do carro no aeroporto. Comecei a trabalhar nesse hotel, só que esse hotel, as portas eram abertas por um problema de eu não saber ler nem escrever...Com cartão, eu queria abrir as portas e não conseguia...então eles mandaram-me embora...aí, comecei a lutar, sempre a lutar junto com o meu marido sempre, a gente estávamos sempre unidos, sempre naquela força, a lutar a lutar...com as assistentes sociais. 

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