terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A CONSCIÊNCIA DA VIDA

Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?

A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...

Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
 torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,  que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.

A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida, sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.

Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.

Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…


Maria Ferreira

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Significados sem consciência


A vida plena de significados sem consciência
Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?
A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...
Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,
que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.
A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida,
sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.
Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.
Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…

Ana Maria Ferreira Martins

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Fnac Évora - As Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Apresentação na FNAC de Évora, com uma plateia muito atenta e conhecedora do que é fazer intervenção social na área das pessoas sem abrigo em geral e das mulheres em particular. 
Falou-se do conceito Europeu e nacional, alinhado com a estratégia nacional para as pessoas sem abrigo e a importância do mesmo a nível da visibilidade do fenómeno a nível político.


Reflectiu-se sobre o drama das mulheres vitimas de violência doméstica que sem qualquer outra opção acabam muitas vezes na rua, ou em situações habitacionais que as incluem no conceito de Sem Abrigo, sem uma resposta habitacional digna e justa que lhes permita refazer as suas vidas como cidadãs em um país que na sua constituição menciona o direito à habitação como um direito universal.




Final de dia muito rico em emoções e saber. Experiência a repetir!...Grata às colegas da Unidade de Rede, "Sem Abrigo" (URSA) do CLAS de Évora, na pessoas da Drª Florbela Nunes, representante do Instituto de emprego de Évora, da Drª Maria Amélia Vieira do Centro regional de Évora, que fez parte da mesa da apresentação do Livro, entre outras muitas instituições presentes, como o caso da cruz vermelha, da ARS, administração regional de saúde, com a Drª Sofia Martelo, entre muitas outras entidades ali representadas. 
Não posso deixar de agradecer a surpresa que a minha querida amiga Mariana Inverno me fez ao estar presente e participar activamente para o enriquecimento desta temática de tão vasta dimensão teórico-prática, mas que inevitavelmente nos remete para questões mais abrangentes, tais como os modelos politico-religiosos que tanto conduzem ao longo dos tempos as mulheres e o feminino das sociedades para situações de brutal desigualdade.

Grata a quem contribuí com a sua participação activa e criativa para que o fenómeno das mulheres sem abrigo seja sentido e sujeito a uma intervenção social conscienciosa, que desmonte paradigmas e preconceitos.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

A Fé e a Caça às Bruxas


Todas as religiões são lideradas por mestres homens e todas elas de forma mais ou menos explicita põem a mulher à margem da sua hierarquia.

Houve-se falar em beatas mas não em beatos, no mesmo sentido implícito neste contexto, o que me leva a crer que sem dúvida alguma, em qualquer religião, têm sido as mulheres as que na sombra e na invisibilidade, são o garante da religiosidade, quer nas práticas do quotidiano, na limpeza e decoração das igrejas, são elas que rezam o terço nas igrejas, que ensinam e divulgam através da catequese a doutrina, são elas que vemos a pagar promessas de joelhos nos santuários pelo mundo fora, assim como quase todas as práticas relacionadas com o “cuidar”, cuidar dos pobres, das crianças, dos doentes, quer sobretudo pela sua capacidade inata em vivenciar interna e externamente a sua fé. Assim se garante e perpetua no ceio da família e da sociedade em geral o modelo elaborado e imposto pelo poder dos homens na hierarquia religiosa.

Sabendo que é pertença dos homens o domínio filosófico e conceptual da relação da humanidade com a Fé, nas igrejas, nas mesquitas, nos locais de culto que operacionalizam a fundamentação, divulgação e perpetuação das diversas religiões, que têm evangelizado a humanidade, questiono-me sobre a espiritualidade e fé, a que de uma forma geral a humanidade tem tido acesso e em particular que sentido fazem estas religiões, concebidas e evangelizadas por homens, para as mulheres, que se tornaram as guardiãs e servis seguidoras das mesmas?

Na ausência de investigação que analise em separado a relação específica dos diferentes sexos com a espiritualidade, pelo menos que eu tenha tido acesso, sempre se registou uma abordagem generalista onde as mulheres aceitaram implicitamente, que quando se falava de homem, falava-se de mulher.

A sociedade normalizadora pela omissão fez com que a própria mulher integrasse esta situação sem a questionar, pois as consequências de o fazer poderiam ter graves consequências para as mesmas. Podendo mesmo chegar ao ponto de serem acusadas de bruxaria e ou desprezadas pelo meio onde se encontravam inseridas ou mesmo sendo queimadas vivas. Perpetuar este conformismo, foi mais uma forma de sobrevivência do que uma opção!...O servilismo da mulher ao poder religioso foi a única saída que proporcionou a integração social da mulher na comunidade onde se encontrava inserida por nascimento.

O senso comum mostra que apesar de serem os homens a dominar as cúpulas e a organização das várias religiões do planeta terra, são as mulheres que lhe conferem sentido e dimensão, pois são elas que se organizam de forma mais ou menos formal, mais ou menos visível em grupos, de catequese, de limpeza, de ornamentação dos espaços sagrados, entre outras manifestações mais viradas para a encenação, organização de procissões de teatro bíblico, etc. e assim têm sido o garante da perpetuação do quotidiano religioso proclamado pelos homens, lideres religiosos que as guiam quer no “Céu como na Terra”


A caça às bruxas, não foi mais do que a caça às mulheres que eventualmente pudessem colocar em causa ou mesmo beliscar o poder dos homens benditos.
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Ana Maria Ferreira Martins