domingo, 9 de fevereiro de 2020

Algarve - Ferragudo - A minha terra

ALGARVE

“Minha terra embalada pelas ondas, 
lindo país de moiras encantadas,
onde o mar tece lendas e onde as fadas em castelos de lua dançam rondas...”



OS ÁRABES 

Chama-se Algarve, porque os Árabes ali estiveram e lhe deram o nome, mas fizeram mais que lhe dar o nome, esses visitantes do Norte de África. Fizeram do Algarve o seu lugar preferido. Diziam coisas lindas, tais como: “é um país abundante em frutos e produção de todo o género, com muitas cidades e vilas”. “As suas casas, continuamente caiadas de branco, por dentro e por fora, dá gosto vê-las ao lado das árvores verdes... parecem pérolas desirmanadas engastadas em leito de esmeraldas”. “nunca vi país que se lhe possa comparar em beleza, fertilidade, abundância de água”...o “paraíso terreal”. 

A montanha, que o define. isola-o e permite que tenha características próprias – na terra e nas gentes o Algarve é diferente do resto de Portugal. Os soberanos portugueses souberam compreender e respeitar esta diferença, intitulando-se sempre Reis de Portugal e dos Algarves. São 5072 quilómetros quadrados de um reino diferente. 

Tem um clima próprio, com características mediterrâneas, verões quentes mas invernos suaves, poucas chuvas, mas bons níveis de humidade no ar. 

Ferragudo está tão perto do rio que se diria que a maré cheia vai entrar nas casas mais baixas. 

Vista de longe ferragudo é uma pirâmide de que a Igreja é o vértice. As casas sobem a colina desde o rio até ao adro, donde se admira mais um panorama magnífico. As casas são simples, por vezes com belas chaminés. 

Até ao século XVI, Ferragudo quase não existiu – era uma espécie de colónia de pescadores que aqui moravam no Verão e se dedicavam ao amanho da terra durante o Inverno. Depois, foram ficando, ficando. Fizeram a igreja. Construíram casas e mais casas. 




FERRAGUDO – A MINHA TERRA

Não podiam ter escolhido melhor local para ter nascido. Nasci virada para o mar com o rio Arade a entrar por baixo da casa..., ainda hoje se chama a casa do Salva – Vidas. 

Casa branca de longo corredor que termina numa sala mágica virada para o mar e para a Praia da Rocha, o escritório do meu avô. Aos 4 anos já pegava nos seus potentes binóculo para tentar ver as sardinhas que os barcos de pesca traziam com as gaivotas na sua perseguição em direcção ao Porto de Portimão. 

Que mágicos finais de tarde de verão, me lembro de passar, sentada no “pitoril” género de terraço algarvio, que antecede a entrada das habitações, com a minha avó e o meu avô a ver passar as traineiras indo para a pesca. Magia que desapareceu com o tempo e com a política europeia para as pescas. As muitas fábricas de sardinha que existiam em Ferragudo, fecharam e  pescadores com seus barcos são poucos e quase não se vêem por aquelas bandas as. 

12-2001

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A CONSCIÊNCIA DA VIDA

Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?

A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...

Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
 torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,  que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.

A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida, sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.

Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.

Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…


Maria Ferreira

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Significados sem consciência


A vida plena de significados sem consciência
Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?
A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...
Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,
que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.
A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida,
sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.
Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.
Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…

Ana Maria Ferreira Martins

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Fnac Évora - As Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Apresentação na FNAC de Évora, com uma plateia muito atenta e conhecedora do que é fazer intervenção social na área das pessoas sem abrigo em geral e das mulheres em particular. 
Falou-se do conceito Europeu e nacional, alinhado com a estratégia nacional para as pessoas sem abrigo e a importância do mesmo a nível da visibilidade do fenómeno a nível político.


Reflectiu-se sobre o drama das mulheres vitimas de violência doméstica que sem qualquer outra opção acabam muitas vezes na rua, ou em situações habitacionais que as incluem no conceito de Sem Abrigo, sem uma resposta habitacional digna e justa que lhes permita refazer as suas vidas como cidadãs em um país que na sua constituição menciona o direito à habitação como um direito universal.




Final de dia muito rico em emoções e saber. Experiência a repetir!...Grata às colegas da Unidade de Rede, "Sem Abrigo" (URSA) do CLAS de Évora, na pessoas da Drª Florbela Nunes, representante do Instituto de emprego de Évora, da Drª Maria Amélia Vieira do Centro regional de Évora, que fez parte da mesa da apresentação do Livro, entre outras muitas instituições presentes, como o caso da cruz vermelha, da ARS, administração regional de saúde, com a Drª Sofia Martelo, entre muitas outras entidades ali representadas. 
Não posso deixar de agradecer a surpresa que a minha querida amiga Mariana Inverno me fez ao estar presente e participar activamente para o enriquecimento desta temática de tão vasta dimensão teórico-prática, mas que inevitavelmente nos remete para questões mais abrangentes, tais como os modelos politico-religiosos que tanto conduzem ao longo dos tempos as mulheres e o feminino das sociedades para situações de brutal desigualdade.

Grata a quem contribuí com a sua participação activa e criativa para que o fenómeno das mulheres sem abrigo seja sentido e sujeito a uma intervenção social conscienciosa, que desmonte paradigmas e preconceitos.