sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Carta de amor?

Uma carta de amor que escrevi a pedido da Chiado Editora

"Cara Maria,

Ficamos bastante agradecidos pelo envio do seu trabalho para constar no Volume II da Colectânea de Cartas de Amor, da Chiado Books." Depois de o analisarmos, informamos que o mesmo foi seleccionado."

Carta de Amor?




Se possibilidade houvesse nesta vida terrena de sentires a intensidade do amor que nutro por ti!...

Se soubesses das noites que não durmo tentando perscrutar no infinito da escuridão a tua mão, o teu aconchego, o teu colo!....

Se tu soubesses a saudade que habita este meu corpo desaurido do teu amor pleno de ti e de mim!...

Como te fazer chegar esta carta se tu não reconheces a simbologia de uma linguagem escrita? como te chegar meu amor?!

Diz-me por sinais desconhecidos a forma de te fazer sentir esta carta!...envia-me luzinhas, estrelinhas, pode até ser smiles através de uma qualquer rede social, mas dá-me um sinal que este amor imenso que me transcende desconhecendo a forma de o segurar ou limitar a este quadrado que conheço tão bem!...

Ajuda-me, querida, ajuda-me a fundir-me em ti, esquecendo-me de quem sou. Só te quero sentir, ou me sentir em ti.

Desejo-te como a mim própria, quero-te noite e dia, preciso de ti, sem ti não há vida, não há amor, não há EU.

Diz-me como te hei-de fazer chegar esta mensagem...por carta? por telefone? por internet? por pensamento?

Aguardo resposta e não te esqueças que sem te sentir, meu amor, a minha vida não tem existência!
Amo-te Muito!...
2019-1-18

sábado, 5 de janeiro de 2019

Os Murmúrios Da Libertação da Mulher


Os Murmúrios Da Libertação Da Mulher


Alguns, poucos homens têm-se identificado e aliado de uma forma consciente com a luta das mulheres pelos seus direitos, numa sociedade fortemente masculinizada e tremendamente injusta a que as mulheres têm de forma violenta e inconsciente sido sujeitas, e têm, através da alteração de comportamentos e actualização das leis que regem as sociedades, facilitado o acesso das mulheres a algumas dimensões da vida humana que foram inexplicavelmente vedadas às mulheres!.. como por exemplo, viajarem sozinhas sem terem que ter a autorização do marido, pai ou irmão, consoante a situação da mulher, poderem receber os seus salários sem intermediários, não permitir que legalmente os maridos lhes batam, poderem casar com homens com um salário mais baixo que o delas, poderem frequentar a faculdade e até votar, e muitas outras práticas que subjugavam a mulher ao homem!.... 


Os murmúrios da pertença libertação da mulher do poder que o homem exerce sobre ela, é real, mas sempre balizado e enquadrado sob determinados limites!... A sociedade de forma demagógica e poderei mesmo dizer, hipócrita, aceita e até fomenta movimentos pró-libertação, pró-igualdade das mulheres, contudo não é através de leis ou documentos, por muito bem escritos, impressos e intencionados que sejam por parte de quem os discutiu e concebeu que os comportamentos e as matrizes ideológicas, mentais se alteram. Há toda uma revolução por fazer, talvez a maior desde que a humanidade se tornou escrava da enaltecida masculinidade em detrimento da desvalorizada e esmagada feminilidade. A revolução ao nível da essência dos seres humanos, da verdade humana.


A luta das mulheres por se tornarem à sua maneira, participantes activas na sociedade onde nasceram, é uma verdade irrefutável que as alterações às leis, no sentido da pertença igualdade de género só tem existido devido à pressão de alguns homens sobre o poder dominante do patriarcado, pois as mulheres eram inexistentes neste circulo de poderosas marcantes e influentes individualidades, que sempre povoaram as páginas da história mundial nos últimos 2.500 anos.



As generalizações são perigosas, mas ainda mais perigoso é fazer tábua rasa das minorias ou das maiorias deliberada ou obrigatoriamente silenciadas como é o caso da situação das mulheres no decorrer duma civilização da carácter falocrático e patriarcal. 



O porquê desta situação, é um assunto que me tem corroído a existência desde que tendo nascido mulher percebi que por algum incompreensível motivo não tinha os mesmos direitos adquiridos que os homens para decidir o que entendo como melhor para mim enquanto pessoa e mulher.

Compreendi que se quisesse ocupar um espaço fora de casa, no mundo do trabalho, do lazer, teria que ser forte, para me misturar nos espaços físicos e psicológicos deles, enfim teria que me tornar um super ser humano, não me bastaria ser mulher, se me queria integrar na sociedade que se me apresentou pela frente e alcançar a liberdade financeira e alguma liberdade de ser, teria que aprender rapidamente as regras do mundo masculino. Assim fiz!... 

Identificar de forma consciente e gerir estas variáveis, foi e ainda é, uma tarefa árdua que exige um grande dispêndio de energias!... Energias essas que vão reduzir a nossa natural força de ser e de nos manifestarmos tal e qual somos, sem um modelo que permanentemente nos reconduz e alinha com um lugar de back stage e de invisibilidade.

Os homens e também muitas mulheres aculturadas pelo modelo masculino, afirmam e aparentemente acreditam, que já não faz sentido falar de homens e mulheres, de linguagem inclusiva, de direitos, libertação das mulheres, pois está escrito e é verbalizado que os direitos são iguais e defendidos de forma universal pela constituição da república portuguesa, assim como de muitos outros países do mundo.


Há mulheres que ficam ofendidas e incomodadas quando se fala de forma clara nas evidentes diferenças comportamentais, existentes entre homens e mulheres, na família, no trabalho, nas reuniões sociais e viram as costas a quem as confronta com esta realidade, na tentativa vã de evitar o conflito aberto com os homens com quem diariamente se relacionam a quem geralmente consciente ou inconsciente tentam agradar. A verdade gera sempre conflito, quando colide com as nossas expectativas, com os nossos ideais que a mesma não legitima, antes pelo contrário, confronta-nos com as diferenças entre o ideal que nos querem fazer crer que é real e o quotidiano das acções e dos factos. 

O maior conflito das mulheres é interno. Criadas por um modelo que tem por base servir e agradar ao homem, em casa, no trabalho, na realidade este modelo inconsciente, rege as cabeças das mulheres onde quer que elas se encontrem, criando um desalinhamento interno entre o que realmente são e o que a sociedade comandada pelo homens espera e exige que elas sejam!...

Apesar deste enquadramento teórico/prático, fui esforçando-me por me mover de uma forma alinhada de acordo com os meus interesses internos. Ser mulher plena num mundo de homens. Nunca abdiquei das minhas ideias, fui aprofundando através do estudo e de amizades o saber e o sentir sobre o ser mulher e feminina. 

Com esta maior facilidade em inter-agir com um mundo real, que apesar de estar na génese da sua concepção, lhes é estranho e hostil, as mulheres destes tempos romperam com as barreiras intelectuais e físicas impostas pelo modelo vigente.

O risco, da aculturação do modelo masculino pelas mulheres,  aspecto já anteriormente referido, é uma realidade com que temos que viver!... pois só com uma grande vontade e propósito em desenvolver uma consciência ontológica do verdadeiro significado de ser mulher no feminino, é que a mulher actual poderá evoluir na direcção da sua feminilidade, da sua essência e da sua verdade.

Isto implica  romper tanto quanto lhe seja possível com as tremendas correntes que a agrilhoam à doutrina patriarcal o que inevitavelmente compreenderá um grande esforço e sofrimento psicológico e intelectual com as inerentes consequências na sua saúde física.

AMFM
In "Mulher Plena Num Mundo De Homens"
5-1-2019