terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A Grande Ratoeira do século XX – A Emancipação da Mulher

Partilho um texto que faz parte do livro "Mulher Plena Num Universo de Homens"

A Grande Ratoeira do século XX – A Emancipação da Mulher

Aparecem cada vez mais mulheres a denunciar a grande armadilha do século XX e XXI no mundo Ocidental, a da igualdade de género.
A grande ratoeira a que se chamou emancipação da mulher, reside no fato de a mulher reivindicar o estatuto de igualdade ou mesmo de igualdade de oportunidades que os homens, trata-se de dar um passo para dentro do mundo milenar construído por e para homens e que portanto inviabiliza a competição em igualdade de circunstâncias e a realização plena de metade da humanidade que em vez de procurar o seu próprio e natural caminho e lutar por ele, gasta energias a lutar por pertencer a um mundo concebido por e para homens. A premissa está errada desde o princípio.

As mulheres estão carimbadas, como os cavalos a ferro e fogo com a marca do patriarcado. De forma imperceptível para quem anda menos atento ou atenta, mas possivelmente para sempre no futuro da humanidade tal e qual a conhecemos.
Querem maior forma de escravidão?
A grande questão é a de como a mulher permite isto?
Que necessidade de controlar tudo o que é a essência do feminino é esta?
Que mistério reside escondido neste manto negro que colocaram na vida das mulheres, impedindo-as de ser elas próprias, com o seu saber, com os seus desejos, emoções, intuições, em suma, com a sua essência?

As mulheres depois de séculos de aculturação pelo modelo patriarcal, não lutam por ser elas próprias na sua especificidade de ser mulher, mas sim para serem iguais ou para terem acesso às mesmas oportunidades que os homens.

Emancipação da mulher? A mulher para além do que era, acumula do papel ancestral de cuidar, passou a ser uma cópia travestida do homem. A mulher quer provar que é capaz de encontrar a sua essência sem deixar de ser a mulher que o homem deseja, a mãe esmerada e a profissional duplamente melhor que qualquer homem.

Depois de afastadas da sua essência feminina elas não querem saber delas próprias, elas sonham, sem disso terem consciência, em serem homens, em terem as mesmas profissões, os mesmos carros, as mesmas faculdades, se possível não engravidarem, enfim, terem acesso livre aos ideais instituídos, veiculados, pelo poder dominante.

Idealmente seriam mulheres com mamas, mas sem útero. Mamas para agradar aos homens e sem útero porque isso impede-as de concorrer em plano de igualdade com os mesmos no que se refere ao emprego e a outras actividades em que a maternidade as afasta dessa tão desejada igualdade.

Não poderia ser de outra forma, pois o produto final da prática patriarcal foi a construção de mulheres feitas à imagem dos desejos e ideais masculinos. É difícil para as mulheres que se querem vislumbrar para além do véu escuro criado pela cultura patriarcal, a mulher, despida dos valores, ideais e expectativas que o poder dominantemente dos homens lhe impôs durante séculos e séculos.


Sobre o feminismo refere Natália Correia:

“É certo que o feminismo, concebido como caricatura dos privilégios viris, foi uma traição feita à mulher. Traição porventura involuntariamente cometida pelos campeões do feminismo, que doutrinariamente ou legalmente lhe deram acesso a uma cultura vinculadamente masculina, na qual a produção feminina resultaria sempre inferior. Dessa rasteira de falsa promoção, que os paladinos do feminismo passaram à mulher, poder-se-á talvez dizer, em abono destes, que das suas boas intenções conscientes se fizeram obscuras aliadas as defesas inconscientes do varão. O resultado da emancipação feminina processada por essa via é elucidativo: quer na América que, por razões históricas, teve que atender à situação privilegiada da mulher basicamente inserida nas formas nucleares da sociedade americana, quer na Rússia que, por motivos ideológicos e sócio-políticos, foi forçada a admitir a produtividade feminina, as máquinas da administração e da cultura são manejadas por homens, sendo a mulher o mero instrumento de uma sociedade rigorosamente orientada por critérios masculinos.
Traição é a palavra que com mais propriedade define um jogo em que a batota é evidente. Porque, se na sociedade regida pelas velhas normas patriarcais, a mulher beneficiava do prestigio romântico e erótico que lhe advinha da influência que exercia nos bastidores da política e da cultura, uma vez lançada na arena da competição com o homem, não só se apagou o facho do seu domínio subtil, como teve de revelar-se inferior num plano de acção estruturado pelo homem e que da intima essência deste recebe o carácter. “ 

Natália Correia, in Introdução, Cultura feminina, G.Simmel, pág.16

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