terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A CONSCIÊNCIA DA VIDA

Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?

A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...

Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
 torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,  que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.

A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida, sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.

Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.

Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…


Maria Ferreira

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Significados sem consciência


A vida plena de significados sem consciência
Que consciência temos do verdadeiro sentido desta vida?
Se a morte e a vida são o contorno de uma mesma e diluída verdade,
como encontrar a substância da qual a vida de sangue e lágrimas se alimenta?
A dualidade dos opostos une-se numa inexistência inexprimível!...
Cada passo que cuidadosa e silenciosamente damos em direcção à consciência da vida,
torna-se um trovão da alma que nos leva num rodopio incessante de dúvidas e mais dúvidas,
que acabam por se diluir no éter do nada, no vazio de uma ausência, de uma ausência de consciência.
A vida e a morte são a mesma face de um ténue contorno de uma existência terrena que bem sentida,
sabemos que é inexistente, se meramente compreendida pelo que somos neste contexto terreno.
Quero ser algo que não existe, só porque assim poderei, quem sabe, atingir uma vaga e imperceptível consciência.
Brumas e mais brumas que nos impedem de caminhar…
Andamos em círculos fechados.
Círculos perpétuos de vida e morte!...
Sim, somos uma humanidade eternamente às voltas no deserto…

Ana Maria Ferreira Martins

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Fnac Évora - As Sem Abrigo de Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa


Apresentação na FNAC de Évora, com uma plateia muito atenta e conhecedora do que é fazer intervenção social na área das pessoas sem abrigo em geral e das mulheres em particular. 
Falou-se do conceito Europeu e nacional, alinhado com a estratégia nacional para as pessoas sem abrigo e a importância do mesmo a nível da visibilidade do fenómeno a nível político.


Reflectiu-se sobre o drama das mulheres vitimas de violência doméstica que sem qualquer outra opção acabam muitas vezes na rua, ou em situações habitacionais que as incluem no conceito de Sem Abrigo, sem uma resposta habitacional digna e justa que lhes permita refazer as suas vidas como cidadãs em um país que na sua constituição menciona o direito à habitação como um direito universal.




Final de dia muito rico em emoções e saber. Experiência a repetir!...Grata às colegas da Unidade de Rede, "Sem Abrigo" (URSA) do CLAS de Évora, na pessoas da Drª Florbela Nunes, representante do Instituto de emprego de Évora, da Drª Maria Amélia Vieira do Centro regional de Évora, que fez parte da mesa da apresentação do Livro, entre outras muitas instituições presentes, como o caso da cruz vermelha, da ARS, administração regional de saúde, com a Drª Sofia Martelo, entre muitas outras entidades ali representadas. 
Não posso deixar de agradecer a surpresa que a minha querida amiga Mariana Inverno me fez ao estar presente e participar activamente para o enriquecimento desta temática de tão vasta dimensão teórico-prática, mas que inevitavelmente nos remete para questões mais abrangentes, tais como os modelos politico-religiosos que tanto conduzem ao longo dos tempos as mulheres e o feminino das sociedades para situações de brutal desigualdade.

Grata a quem contribuí com a sua participação activa e criativa para que o fenómeno das mulheres sem abrigo seja sentido e sujeito a uma intervenção social conscienciosa, que desmonte paradigmas e preconceitos.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

A Fé e a Caça às Bruxas


Todas as religiões são lideradas por mestres homens e todas elas de forma mais ou menos explicita põem a mulher à margem da sua hierarquia.

Houve-se falar em beatas mas não em beatos, no mesmo sentido implícito neste contexto, o que me leva a crer que sem dúvida alguma, em qualquer religião, têm sido as mulheres as que na sombra e na invisibilidade, são o garante da religiosidade, quer nas práticas do quotidiano, na limpeza e decoração das igrejas, são elas que rezam o terço nas igrejas, que ensinam e divulgam através da catequese a doutrina, são elas que vemos a pagar promessas de joelhos nos santuários pelo mundo fora, assim como quase todas as práticas relacionadas com o “cuidar”, cuidar dos pobres, das crianças, dos doentes, quer sobretudo pela sua capacidade inata em vivenciar interna e externamente a sua fé. Assim se garante e perpetua no ceio da família e da sociedade em geral o modelo elaborado e imposto pelo poder dos homens na hierarquia religiosa.

Sabendo que é pertença dos homens o domínio filosófico e conceptual da relação da humanidade com a Fé, nas igrejas, nas mesquitas, nos locais de culto que operacionalizam a fundamentação, divulgação e perpetuação das diversas religiões, que têm evangelizado a humanidade, questiono-me sobre a espiritualidade e fé, a que de uma forma geral a humanidade tem tido acesso e em particular que sentido fazem estas religiões, concebidas e evangelizadas por homens, para as mulheres, que se tornaram as guardiãs e servis seguidoras das mesmas?

Na ausência de investigação que analise em separado a relação específica dos diferentes sexos com a espiritualidade, pelo menos que eu tenha tido acesso, sempre se registou uma abordagem generalista onde as mulheres aceitaram implicitamente, que quando se falava de homem, falava-se de mulher.

A sociedade normalizadora pela omissão fez com que a própria mulher integrasse esta situação sem a questionar, pois as consequências de o fazer poderiam ter graves consequências para as mesmas. Podendo mesmo chegar ao ponto de serem acusadas de bruxaria e ou desprezadas pelo meio onde se encontravam inseridas ou mesmo sendo queimadas vivas. Perpetuar este conformismo, foi mais uma forma de sobrevivência do que uma opção!...O servilismo da mulher ao poder religioso foi a única saída que proporcionou a integração social da mulher na comunidade onde se encontrava inserida por nascimento.

O senso comum mostra que apesar de serem os homens a dominar as cúpulas e a organização das várias religiões do planeta terra, são as mulheres que lhe conferem sentido e dimensão, pois são elas que se organizam de forma mais ou menos formal, mais ou menos visível em grupos, de catequese, de limpeza, de ornamentação dos espaços sagrados, entre outras manifestações mais viradas para a encenação, organização de procissões de teatro bíblico, etc. e assim têm sido o garante da perpetuação do quotidiano religioso proclamado pelos homens, lideres religiosos que as guiam quer no “Céu como na Terra”


A caça às bruxas, não foi mais do que a caça às mulheres que eventualmente pudessem colocar em causa ou mesmo beliscar o poder dos homens benditos.
https://draft.blogger.com/blog/post/edit/1849180516377773910/1127011663354262713
Ana Maria Ferreira Martins

sexta-feira, 28 de junho de 2019

As Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa- RTP-Madeira


Na RTP Madeira com a Sra Vereadora da Câmara Municipal do Funchal, Drª Madalena Nunes, a falar da situação das Mulheres Sem Abrigo e do livro As Sem Abrigo De Lisboa que irei apresentar dia 3 de Julho no Funchal. 


É muito gratificante para mim conjugar as questões de género com a pobreza em geral e em particular com a situação de extrema vulnerabilidade que as mulheres sem abrigo vivênciam. Grata à Câmara Municipal do Funchal pelo convite.

https://www.facebook.com/AMFMMFMS/videos/316390909250262/?t=0


Poderá adquirir o livro em :https://chiadoeditora.com/livraria/as-sem-abrigo-de-lisboa-mulheres-que-sonham-com-uma-casa
https://www.fnac.pt/As-Sem-Abrigo-de-Lisboa-Ana-Ferreira-Martins/a1041358




quarta-feira, 12 de junho de 2019

A VIDA

A vida!...essa estranha coisa com que temos que lidar no dia a dia!... tantos cuidados, tantas ilusões, tantas imagens!..., e tudo não passa de um passa tempo!...
O corpo, o espírito, a alma, a mente..., qual a verdadeira ligação entre estas dimensões?
Quando entenderemos de forma simples e inata o que julgamos ser complexo e inacessível?

terça-feira, 11 de junho de 2019

A fusão integrativa das mulheres num mundo pré-concebido por homens

MORRIGAN E CU CHULAINN
Ela apareceu ao herói Cu Chulainn (filho do deus Lugh) e ofereceu a ele seu amor. Quando ele não a reconheceu e ainda a rejeitou, ela disse a ele que o faria perder uma batalha. Quando ele foi morto, ela pousou em seu ombro em forma de corvo. O azar de Cu Chulainn foi nunca ter reconhecido o poder feminino da soberania oferecido a ele.



A era das novas tecnologias, através das redes sociais, veio criar um espaço específico, o qual foi massivamente apropriado pelas mulheres. Elas já não precisam de sair de casa, para formarem grupos de discussão e de interesses, já não precisam de sair de casa para interagirem. Elas manifestam de forma clara o que pensam sobre a forma como a sociedade as trata.


Alguns, poucos, homens têm-se identificado e aliado de uma forma consciente com a luta das mulheres pelos seus direitos, numa sociedade fortemente masculinizada e tremendamente injusta a que as mulheres têm de forma violenta e inconsciente sido sujeitas, e têm, através da alteração de comportamentos e actualização das leis que regem as sociedades, facilitado o acesso das mulheres a algumas dimensões da vida humana que foram inexplicavelmente vedadas às mulheres!.. como por exemplo, viajarem sozinhas sem terem que ter a autorização do marido, pai ou irmão, consoante a situação da mulher, poderem receber os seus salários sem intermediários, não permitir que legalmente os maridos lhes batam, poderem casar com homens com um salário mais baixo que o delas, poderem frequentar a faculdade e até votar, e muitas outras práticas que subjugavam a mulher ao homem!.... 

Os murmúrios da pretensa libertação da mulher do poder que o homem exerce sobre ela, é real, mas sempre balizado e enquadrado sob determinados limites!... A sociedade de forma demagógica e poderei mesmo dizer, hipócrita, aceita e até fomenta movimentos pró-libertação, pró-igualdade das mulheres, contudo não é através de leis ou documentos, por muito bem escritos, impressos e intencionados que sejam por parte de quem os discutiu e concebeu que os comportamentos e as matrizes ideológicas, mentais se alteram. Há toda uma revolução por fazer, talvez a maior desde que a humanidade se tornou escrava da enaltecida masculinidade em detrimento da desvalorizada e esmagada feminilidade. A revolução ao nível da essência dos seres humanos, da verdade humana.

A luta das mulheres por se tornarem à sua maneira, participantes activas na sociedade onde nasceram, é uma verdade irrefutável que as alterações às leis, no sentido da pertença igualdade de género só tem existido devido à pressão de alguns homens sobre o poder dominante do patriarcado, pois as mulheres eram inexistentes neste circulo de poderosas marcantes e influentes individualidades, que sempre povoaram as páginas da história mundial nos últimos 2.500 anos.

As generalizações são perigosas, mas ainda mais perigoso é fazer tábua rasa das minorias ou das maiorias deliberada ou obrigatoriamente silenciadas como é o caso da situação das mulheres no decorrer duma civilização de carácter falocrático e patriarcal.
Ana Ferreira Martins
11-6-2019
Um excerto do livro "Mulher Plena Num Mundo de Homens-Mulheres que sonham"

segunda-feira, 22 de abril de 2019

A Vivência Da Pobreza

A Vivência Da Pobreza - Irei estar dia 24 de Abril, pelas 18h em Alcoutim a apresentar o livro, A Vivência Da Pobreza. Investigação realizada a nível nacional no âmbito da intervenção social dos Centros Porta Amiga da AMI. Quem estiver por perto apareça!...

O conteúdo desta obra reúne de uma forma holística uma visão psicossocial no nosso entender absolutamente necessária na análise do fenómeno social da vivência da pobreza.


Foi tentando perceber o universo associativo da vivência da pobreza e ao mesmo tempo analisá-lo numa lógica de classes sociais intimamente ligada aos rendimentos auferidos que apreendemos a forma de tornar visível uma realidade que há muito sentíamos por expressar.A análise género tornou-se uma evidência imprescindível para melhor entender a realidade em estudo, pois nela reside uma clara diferenciação de comportamentos.

O retrato dominante da pessoa que vivência a situação de pobreza dá-nos em última análise o rosto mais visível da pobreza.E com este retrato da pessoa em situação de pobreza concluímos este estudo sobre a vivência da pobreza, na esperança que o mesmo seja uma excelente sementeira nesta imensidão de abordagens possíveis no infeliz e fértil campo de cultivo que tem sido a Pobreza.
Palavras chave: AMI, pobreza, género, classes sociais, universo associativo, vivência pobreza

Pode encomendar a investigação em:https://ami.org.pt/loja/livros/vivencia-da-pobreza/


segunda-feira, 15 de abril de 2019

Biografia -Ana Ferreira Martins

Ana Ferreira Martins

Apaixonada e nascida por terras algarvias é em Almada e Lisboa que se sente em casa.

Ser mãe foi determinante na forma como sentiu a vida. O olhar interessado pelos fenómenos das pessoas sem abrigo e das questões da igualdade de género são inequivocamente o seu foco de vida.

Assistente Social de formação, exerce funções como Directora Nacional da Ação Social Da AMI, desde 2000. Mestre em Estudos Sobre As Mulheres, inter-relacionou o fenómeno das pessoas sem abrigo com as questões de género surgindo a sua tese de mestrado: As Sem Abrigo De Lisboa, premiada com o prémio Madalena Barbosa da Comissão da Igualdade de Género.

Publica a nível nacional e europeu, artigos relacionados com a pobreza em geral e em particular sobre as pessoas sem abrigo e com as questões da igualdade de género. 

Comentadora em vários meios de comunicação social. Professora Universitária no Instituto Piaget. Formadora acreditada na área comportamental, pobreza, serviço social e género. Supervisora em Serviço Social. 

Autora dos livros:

As Mulheres Sem Abrigo De Lisboa - Mulheres Que Sonham Com Uma Casa - Editado pela Chiado Editora
A Vivência da Pobreza - Editado pela Fundação AMI.

Autora dos blogues:
Feminina a Resgatar e a Integrar - Mis-ce-lâ-nea
Aconselhamento em Serviço Social - Social Counseling in Social Work Services

sexta-feira, 29 de março de 2019

Sonhos Ou Programações para Meninas Crentes?

Que sonhos são semeados no coração e na mente das meninas assim que saem do útero das suas mães? 

Lembro-me com clareza e alguma nostalgia os finais dos dias, em que íamos cedo para a cama e ela sentava-se na cama a rezar, eu já deitada ao seu lado, sentia o seu calor e o seu cheiro, parece que ainda hoje os sinto e ouvia a ladainha das suas orações, esta imagem remete-me para um sentimento de conforto, de protecção e segurança inigualáveis em qualquer outro momento da minha vida. 


Íamos à missa ao domingo, depois tinha a catequese e à quarta feira ia com a minha avó para a igreja ajudar a compor as jarras com flores brancas na maioria, nos altares e foi aí que eu comecei a sentir uma certa cumplicidade e mesmo intimidade com Deus e com os santos. 


Na verdade, eu estava muito próxima dos santos da minha igreja, da sua santidade e isso conferia-me importância e bem-estar. Sim, eu também rezava com a minha avó. Ainda hoje me lembro dos meus pedidos que mentalmente fazia. 
Igreja de Ferragudo - Nossa Senhora Da Conceição

Estava apaixonada por um rapazito da minha idade, 6 anos, queria casar e ser feliz com ele. Curiosamente muitos anos depois vim a saber que ele tinha ido para padre, não sei se é verdade ou não, pois depois de vir para Almada, para casa dos meus pais, nunca mais soube nada sobre ele, ou pouca coisa, lembro-me de o ter visto uma vez em Ferragudo, já eu era casada com o pai do meu filho, sendo este já nascido!... 

Casar e ser feliz num romance com um homem. Que desejo era este aos 6 anos? Que modelo é este? Não sei, porque na altura nem televisão tinha e, portanto, seria um modelo veiculado de que forma e por quem? Não sabia muito bem ler, portanto nem nos “caprichos” apanhava o modelo!…Será inato? Esta ideia idealizada do príncipe encantado? Será que a minha avó me contava a história da bela adormecida que o príncipe vem salvar? Sim, poderia ser por aí!...mas duvido!... A minha avó era uma mulher crente, mas prática e não me lembro dela me contar histórias. Antes dos caprichos e das telenovelas tínhamos os contos de fada que nos moldavam a mente? sim poderá ter sido por aí, esse meu sonho de casar e ser feliz para sempre!... 

Tentando encontrar um entendimento, para a causa de uma menina de 6 anos já percepcionar o enamoramento por um menino da sua idade e projectar na mesmo esta idealização de vida a dois, sem ter ainda ter qualquer noção do que isso possa na realidade implicar. 

Nessa altura nem sonhava como se fazia bebés ou mesmo, não tenho memória de sentir qualquer tipo de desejo carnal. 

Passo a citar uma passagem do livro A discípula Amada de Esther de Boer, que nos pode explicar da razão de uma menina ter estes sonhos: 

Falando de Maria Madalena e das mulheres que seguiam Jesus, Orígenes referido por Esther de Boer no seu livro, Maria Madalena, a Discípula Amada, descreve Maria que Paulo menciona na Carta aos Romanos precisamente como mestra. 

Comenta ele assim a carta aos romanos: 

“Saudações Maria, que trabalhou muito por vós”. Ele (Paulo) ensina neste texto que as mulheres devem trabalhar pelas igrejas de Deus tanto como os homens. Porque elas trabalham quando ensinam as jovens a serem frugais, a amarem os seus maridos, a educarem os filhos, a serem reservadas e castas, a governarem as suas casas, a serem boas e submissas aos seus maridos, a exercerem a hospitalidade, a lavarem os pés aos santos e a porem em prática castamente todas as outras coisas escritas acerca dos deveres das mulheres (comentário sobre a carta aos Romanos,X,20). 
Pág. 103, Esther de Boer, Maria Madalena – A discípula Amada. 

Esta interpretação do que se entende por dever da mulher, depois da vinda de Cristo e da manipulação da sua doutrina pelo Cristianismo operacionalizada pela igreja Católica, vem passando de mulher para mulher ao longo de séculos e século, poderá ter repercussões nas meninas, que já nascem com essa grande mentira aculturada, inserida nas suas mentes, coração e atrevo-me mesmo a dizer, no seu ADN que instrumentaliza o seu quotidiano, as suas vidas e consequentemente toda a humanidade? 

Sim porque esta instrumentalização da mulher não é privilégio do cristianismo, ela é transversal, de forma mais ou menos evidente, a todas as religiões do mundo. 

Como nos vermos livres deste peso secular? desta brutal instrumentalização? sem nos perdermos, sem nos descontextualizarmos da nossa essência feminina primordial? Será possível recuperar peças de um puzzle todo ele cortado, recortado e bem escondido do consciente humano no mais profundo da sua existência terrena? 

A negação do espiritual e do feminino das sociedades humanas, faz com que esta procura ainda seja mais difícil e ou mesmo impossível de se fazer. 

Há um caminho repleto de barreiras, de ratoeiras e outro tipo de obstáculos vários, que nos impede de aceder à verdade do que é a existência da plenitude feminina unida ao princípio masculino esse também domesticado e treinado para afastar-se da feminilidade inerente a toda a existência humana e divina. 

Esta história de contos de fada de que vos falava é bem mais profunda e ancestral que as histórias da Bela adormecida e da Branca de Neve, ela remonta à felicidade primordial que nos foi passada, a de Adão e de Eva, que viviam felizes no paraíso, antes da Eva querer aceder à árvore da sabedoria. Mal sabia ela que a sabedoria de que tanto ansiava lhe iria ser negada por séculos e séculos de domínio falocrático, domínio esse, exercido pelo cristianismo que passou de perseguido a perseguidor e nessa perseguição feroz a tudo o que pudesse colocar em causa o seu poder divino, a Eva que queria aceder ao saber e à verdade, tratou de destruir, mentir, ludibriar, apagar, queimar. 

Que paradoxo têm elas que gerir na dualidade, entre o sonho e a realidade? 

Não fosse o Capitalismo financeiro e ainda hoje as sociedades cristãs seriam dominadas pela doutrina da igreja Católica e aí as mulheres, como na religião Islã, estariam ainda a serem apedrejadas e escravizadas pelos seus maridos, pais, irmãos, padres, monges, enfim, pelo poder masculino que domina em níveis com maior ou menor intensidade esta vida terrena. 

A frustração que estes sentimentos comportam no futuro é tremenda e certas mulheres, não suportam a realidade das relações. 
Ana Maria Ferreira Martins
Excerto do livro "Mulher Plena Num Mundo De Homens"



domingo, 10 de março de 2019

Como é ser mãe empregada e separada?

Ser mãe trabalhadora e separada

Aliada à necessidade de independência económica que é o garante da independência da mulher em relação ao homem em geral e ao pai, ao marido em particular, a mulher mãe aquando de uma separação matrimonial, vê-se nos nossos dias completamente armadilhada pelo poder patriarcal, nas suas velhas e novas formas de manifestação, na maior parte dos casos sem disso ter consciência. 

Por um lado, os dados estatísticos (para quem gosta de estatísticas) conferem que os salários das mulheres, mesmo em funções iguais são inferiores aos dos seus pares, homens. A subida na carreira para cargos de administração ou da presidência, são praticamente inacessíveis no privado e no público. Por outro lado, o tempo para cuidar e estar com os filhos é praticamente inexistente. Assim  está criada uma poderosa ratoeira. 

Para ficar com os filhos e ou filhas as mulheres tem que trabalhar, mas para trabalhar não podem ficar com os filhos e ou filhas!...

Nas situações que chegam ao conhecimento da ação social e dos serviços sociais das instituições que realizam intervenção social no terreno, é frequente a coexistência de dificuldades económicas, violência psicológica e física sobre a mãe que se quer separar do pai da criança.

A mãe é frequentemente, ou pelo menos mais do que o desejável, sendo a situação comprovada por, assistentes sociais, juízes e juízas, separada dos filhos e ou das filhas por insuficiência económica, por alegados problemas de saúde mental, devido a depressões ou outras consequências de vidas em comum pouco saudáveis, ou ainda, por  razões relacionadas com a impossibilidade de conciliar o tempo de trabalho remunerado, fora de casa, com a azáfama da vida familiar.

O quotidiano vivenciado pelas mães que se vêm a braços com uma separação do pai dos filhos e ou das filhas, o que de certa forma pode estar relacionado em parte, ao facto de a mulher funcionar dominantemente com o lado direito do cérebro, mais ligado ao emocional e intuitivo, por contraposição ao lado esquerdo, mais relacionado com a lógica e razão, leva a que a mulher viva esta separação com uma maior intensidade psicológica do que a generalidade dos homens, tornando-se tremendamente duro e sofrido para a mulher mãe, a gestão do quotidiano do trabalho, dos filhos e da agressividade latente, que na maior parte dos casos existe dentro das quatro paredes a que comummente se chama lar, quando se está num processo de ruptura familiar.

Sim, é fácil numa sociedade dominada pelos valores da lógica, da razão, do comprovado cientificamente, em detrimento das emoções, das sensações, das intuições e atrevo-me a falar de amor em sentido lato, declarar perante um tribunal que o pai corresponde de forma mais alinhada ao que a sociedade patriarcal estipulou como as condições necessárias ao crescimento saudável e do bem estar, de uma criança.

O drama que a mãe vive na separação é ainda mais acentuado quando o filho ou filha é ainda bebé, onde os laços entre a mãe e a criança são indubitavelmente mais fortes e imprescindíveis para o desenvolvimento dos seres humanos.

Assim, vezes demais a lei é aplicada de acordo com a proclamada igualdade entre homens e mulheres e corta a direito, prevalecendo nas decisões dos tribunais, variáveis alinhadas com o poder económico e com os comportamentos e valores dominantes: O racional, o lógico e o prático, deixando de lado as dimensões afectivas e emocionais.

Que ser humano, homem ou mulher preferiria o bem estar económico ao amor de sua mãe? A resposta é muito fácil quando dada com o coração, o problema é que ninguém nos ensinou a falar com o coração e por isso muitas das decisões não estão internamente alinhadas com a essência feminina.

Para pessoas equilibradas, onde o bom senso aliado ao facto de os filhos não servirem propósitos egóicos. Ricas e ou pobres, que se amam e portanto amam os seus filhos e suas filhas, estas situações limite não se colocam com estes contornos e portanto, o aqui expressado não os tem por referência.
AMFM

segunda-feira, 4 de março de 2019

A Nossa Mãe



A relação com a nossa mãe é internamente mal resolvida.



Mulheres divididas na sua essência pelo modelo patriarcal, ou se tornam mulheres revoltadas ou mulheres completamente aculturadas pelo modelo dominante que tendem a viver numa zona de conforto criada artificialmente para elas e ou por elas, perfeitamente enquadrada nas regras religiosas, culturais e nas espectativas masculinas para a sociedade em geral e para o feminino em particular.


As mães terrenas frustradas, as que sempre contestaram o poder do marido, do pai e também da mãe que compactuou com o poder patriarcal. Revoltadas, nunca fizeram as pazes com as suas mães e nunca em consciência entenderão o porquê!… Esta falta de consciência cria-lhes um inevitável e irremediável mal estar, que na maioria dos casos transportam consigo de vida em vida. Podemos mesmo falar de um feminino enclausurado.

Todas as mães terrenas têm um misto de amor e ódio pelas suas filhas e por si próprias. Amor porque são parte delas, vendo-se através das mesmas reflectidas num já velho e gasto espelho.

Ódio, porque não se conseguem libertar dos grilhões patriarcais e percebem que também as suas filhas não reúnem as forças necessárias para o fazer, apesar das modernidades apregoadas.

Ana Maria Ferreira Martins

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A Grande Ratoeira do século XX – A Emancipação da Mulher

Partilho um texto que faz parte do livro "Mulher Plena Num Universo de Homens"

A Grande Ratoeira do século XX – A Emancipação da Mulher

Aparecem cada vez mais mulheres a denunciar a grande armadilha do século XX e XXI no mundo Ocidental, a da igualdade de género.
A grande ratoeira a que se chamou emancipação da mulher, reside no fato de a mulher reivindicar o estatuto de igualdade ou mesmo de igualdade de oportunidades que os homens, trata-se de dar um passo para dentro do mundo milenar construído por e para homens e que portanto inviabiliza a competição em igualdade de circunstâncias e a realização plena de metade da humanidade que em vez de procurar o seu próprio e natural caminho e lutar por ele, gasta energias a lutar por pertencer a um mundo concebido por e para homens. A premissa está errada desde o princípio.

As mulheres estão carimbadas, como os cavalos a ferro e fogo com a marca do patriarcado. De forma imperceptível para quem anda menos atento ou atenta, mas possivelmente para sempre no futuro da humanidade tal e qual a conhecemos.
Querem maior forma de escravidão?
A grande questão é a de como a mulher permite isto?
Que necessidade de controlar tudo o que é a essência do feminino é esta?
Que mistério reside escondido neste manto negro que colocaram na vida das mulheres, impedindo-as de ser elas próprias, com o seu saber, com os seus desejos, emoções, intuições, em suma, com a sua essência?

As mulheres depois de séculos de aculturação pelo modelo patriarcal, não lutam por ser elas próprias na sua especificidade de ser mulher, mas sim para serem iguais ou para terem acesso às mesmas oportunidades que os homens.

Emancipação da mulher? A mulher para além do que era, acumula do papel ancestral de cuidar, passou a ser uma cópia travestida do homem. A mulher quer provar que é capaz de encontrar a sua essência sem deixar de ser a mulher que o homem deseja, a mãe esmerada e a profissional duplamente melhor que qualquer homem.

Depois de afastadas da sua essência feminina elas não querem saber delas próprias, elas sonham, sem disso terem consciência, em serem homens, em terem as mesmas profissões, os mesmos carros, as mesmas faculdades, se possível não engravidarem, enfim, terem acesso livre aos ideais instituídos, veiculados, pelo poder dominante.

Idealmente seriam mulheres com mamas, mas sem útero. Mamas para agradar aos homens e sem útero porque isso impede-as de concorrer em plano de igualdade com os mesmos no que se refere ao emprego e a outras actividades em que a maternidade as afasta dessa tão desejada igualdade.

Não poderia ser de outra forma, pois o produto final da prática patriarcal foi a construção de mulheres feitas à imagem dos desejos e ideais masculinos. É difícil para as mulheres que se querem vislumbrar para além do véu escuro criado pela cultura patriarcal, a mulher, despida dos valores, ideais e expectativas que o poder dominantemente dos homens lhe impôs durante séculos e séculos.


Sobre o feminismo refere Natália Correia:

“É certo que o feminismo, concebido como caricatura dos privilégios viris, foi uma traição feita à mulher. Traição porventura involuntariamente cometida pelos campeões do feminismo, que doutrinariamente ou legalmente lhe deram acesso a uma cultura vinculadamente masculina, na qual a produção feminina resultaria sempre inferior. Dessa rasteira de falsa promoção, que os paladinos do feminismo passaram à mulher, poder-se-á talvez dizer, em abono destes, que das suas boas intenções conscientes se fizeram obscuras aliadas as defesas inconscientes do varão. O resultado da emancipação feminina processada por essa via é elucidativo: quer na América que, por razões históricas, teve que atender à situação privilegiada da mulher basicamente inserida nas formas nucleares da sociedade americana, quer na Rússia que, por motivos ideológicos e sócio-políticos, foi forçada a admitir a produtividade feminina, as máquinas da administração e da cultura são manejadas por homens, sendo a mulher o mero instrumento de uma sociedade rigorosamente orientada por critérios masculinos.
Traição é a palavra que com mais propriedade define um jogo em que a batota é evidente. Porque, se na sociedade regida pelas velhas normas patriarcais, a mulher beneficiava do prestigio romântico e erótico que lhe advinha da influência que exercia nos bastidores da política e da cultura, uma vez lançada na arena da competição com o homem, não só se apagou o facho do seu domínio subtil, como teve de revelar-se inferior num plano de acção estruturado pelo homem e que da intima essência deste recebe o carácter. “ 

Natália Correia, in Introdução, Cultura feminina, G.Simmel, pág.16

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Carta de amor?

Uma carta de amor que escrevi a pedido da Chiado Editora

"Cara Maria,

Ficamos bastante agradecidos pelo envio do seu trabalho para constar no Volume II da Colectânea de Cartas de Amor, da Chiado Books." Depois de o analisarmos, informamos que o mesmo foi seleccionado."

Carta de Amor?




Se possibilidade houvesse nesta vida terrena de sentires a intensidade do amor que nutro por ti!...

Se soubesses das noites que não durmo tentando perscrutar no infinito da escuridão a tua mão, o teu aconchego, o teu colo!....

Se tu soubesses a saudade que habita este meu corpo desaurido do teu amor pleno de ti e de mim!...

Como te fazer chegar esta carta se tu não reconheces a simbologia de uma linguagem escrita? como te chegar meu amor?!

Diz-me por sinais desconhecidos a forma de te fazer sentir esta carta!...envia-me luzinhas, estrelinhas, pode até ser smiles através de uma qualquer rede social, mas dá-me um sinal que este amor imenso que me transcende desconhecendo a forma de o segurar ou limitar a este quadrado que conheço tão bem!...

Ajuda-me, querida, ajuda-me a fundir-me em ti, esquecendo-me de quem sou. Só te quero sentir, ou me sentir em ti.

Desejo-te como a mim própria, quero-te noite e dia, preciso de ti, sem ti não há vida, não há amor, não há EU.

Diz-me como te hei-de fazer chegar esta mensagem...por carta? por telefone? por internet? por pensamento?

Aguardo resposta e não te esqueças que sem te sentir, meu amor, a minha vida não tem existência!
Amo-te Muito!...
2019-1-18

sábado, 5 de janeiro de 2019

Os Murmúrios Da Libertação da Mulher


Os Murmúrios Da Libertação Da Mulher


Alguns, poucos homens têm-se identificado e aliado de uma forma consciente com a luta das mulheres pelos seus direitos, numa sociedade fortemente masculinizada e tremendamente injusta a que as mulheres têm de forma violenta e inconsciente sido sujeitas, e têm, através da alteração de comportamentos e actualização das leis que regem as sociedades, facilitado o acesso das mulheres a algumas dimensões da vida humana que foram inexplicavelmente vedadas às mulheres!.. como por exemplo, viajarem sozinhas sem terem que ter a autorização do marido, pai ou irmão, consoante a situação da mulher, poderem receber os seus salários sem intermediários, não permitir que legalmente os maridos lhes batam, poderem casar com homens com um salário mais baixo que o delas, poderem frequentar a faculdade e até votar, e muitas outras práticas que subjugavam a mulher ao homem!.... 


Os murmúrios da pertença libertação da mulher do poder que o homem exerce sobre ela, é real, mas sempre balizado e enquadrado sob determinados limites!... A sociedade de forma demagógica e poderei mesmo dizer, hipócrita, aceita e até fomenta movimentos pró-libertação, pró-igualdade das mulheres, contudo não é através de leis ou documentos, por muito bem escritos, impressos e intencionados que sejam por parte de quem os discutiu e concebeu que os comportamentos e as matrizes ideológicas, mentais se alteram. Há toda uma revolução por fazer, talvez a maior desde que a humanidade se tornou escrava da enaltecida masculinidade em detrimento da desvalorizada e esmagada feminilidade. A revolução ao nível da essência dos seres humanos, da verdade humana.


A luta das mulheres por se tornarem à sua maneira, participantes activas na sociedade onde nasceram, é uma verdade irrefutável que as alterações às leis, no sentido da pertença igualdade de género só tem existido devido à pressão de alguns homens sobre o poder dominante do patriarcado, pois as mulheres eram inexistentes neste circulo de poderosas marcantes e influentes individualidades, que sempre povoaram as páginas da história mundial nos últimos 2.500 anos.



As generalizações são perigosas, mas ainda mais perigoso é fazer tábua rasa das minorias ou das maiorias deliberada ou obrigatoriamente silenciadas como é o caso da situação das mulheres no decorrer duma civilização da carácter falocrático e patriarcal. 



O porquê desta situação, é um assunto que me tem corroído a existência desde que tendo nascido mulher percebi que por algum incompreensível motivo não tinha os mesmos direitos adquiridos que os homens para decidir o que entendo como melhor para mim enquanto pessoa e mulher.

Compreendi que se quisesse ocupar um espaço fora de casa, no mundo do trabalho, do lazer, teria que ser forte, para me misturar nos espaços físicos e psicológicos deles, enfim teria que me tornar um super ser humano, não me bastaria ser mulher, se me queria integrar na sociedade que se me apresentou pela frente e alcançar a liberdade financeira e alguma liberdade de ser, teria que aprender rapidamente as regras do mundo masculino. Assim fiz!... 

Identificar de forma consciente e gerir estas variáveis, foi e ainda é, uma tarefa árdua que exige um grande dispêndio de energias!... Energias essas que vão reduzir a nossa natural força de ser e de nos manifestarmos tal e qual somos, sem um modelo que permanentemente nos reconduz e alinha com um lugar de back stage e de invisibilidade.

Os homens e também muitas mulheres aculturadas pelo modelo masculino, afirmam e aparentemente acreditam, que já não faz sentido falar de homens e mulheres, de linguagem inclusiva, de direitos, libertação das mulheres, pois está escrito e é verbalizado que os direitos são iguais e defendidos de forma universal pela constituição da república portuguesa, assim como de muitos outros países do mundo.


Há mulheres que ficam ofendidas e incomodadas quando se fala de forma clara nas evidentes diferenças comportamentais, existentes entre homens e mulheres, na família, no trabalho, nas reuniões sociais e viram as costas a quem as confronta com esta realidade, na tentativa vã de evitar o conflito aberto com os homens com quem diariamente se relacionam a quem geralmente consciente ou inconsciente tentam agradar. A verdade gera sempre conflito, quando colide com as nossas expectativas, com os nossos ideais que a mesma não legitima, antes pelo contrário, confronta-nos com as diferenças entre o ideal que nos querem fazer crer que é real e o quotidiano das acções e dos factos. 

O maior conflito das mulheres é interno. Criadas por um modelo que tem por base servir e agradar ao homem, em casa, no trabalho, na realidade este modelo inconsciente, rege as cabeças das mulheres onde quer que elas se encontrem, criando um desalinhamento interno entre o que realmente são e o que a sociedade comandada pelo homens espera e exige que elas sejam!...

Apesar deste enquadramento teórico/prático, fui esforçando-me por me mover de uma forma alinhada de acordo com os meus interesses internos. Ser mulher plena num mundo de homens. Nunca abdiquei das minhas ideias, fui aprofundando através do estudo e de amizades o saber e o sentir sobre o ser mulher e feminina. 

Com esta maior facilidade em inter-agir com um mundo real, que apesar de estar na génese da sua concepção, lhes é estranho e hostil, as mulheres destes tempos romperam com as barreiras intelectuais e físicas impostas pelo modelo vigente.

O risco, da aculturação do modelo masculino pelas mulheres,  aspecto já anteriormente referido, é uma realidade com que temos que viver!... pois só com uma grande vontade e propósito em desenvolver uma consciência ontológica do verdadeiro significado de ser mulher no feminino, é que a mulher actual poderá evoluir na direcção da sua feminilidade, da sua essência e da sua verdade.

Isto implica  romper tanto quanto lhe seja possível com as tremendas correntes que a agrilhoam à doutrina patriarcal o que inevitavelmente compreenderá um grande esforço e sofrimento psicológico e intelectual com as inerentes consequências na sua saúde física.

AMFM
In "Mulher Plena Num Mundo De Homens"
5-1-2019